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Divulgação Científica para crianças

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Imagem ilustrativa/Pixabay

As mamães, principalmente de primeira viagem, colecionam dúvidas sobre os cuidados com os bebês. São questionamentos que surgem dia a dia como, por exemplo, quais os sintomas do nascimento dos primeiros dentes. Há também as escolhas que podem ser decisivas para a saúde dos filhos, como o uso ou não da chupeta.

Imagine, então, o desafio de mães com deficiência que se veem diante da responsabilidade de zelar pelo bem estar dos seus bebês. Mamães que não escutam o chorinho das crianças ou não podem enxergar sinais e reações. No Brasil, existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual e 9,7 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva.

Pensando nisso, pesquisadores do Departamento de Saúde Bucal da Criança e do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão criando recursos para ajudar pessoas com deficiência a cuidar dos nenéns. O primeiro trabalho foi o desenvolvimento de um audiobook para orientar sobre cuidados com alimentação, limpeza da boca, sono do bebê, uso de chupetas e mamadeiras.

O conteúdo dos áudios tem como origem o ebook Guia de Orientacões Odontológicas para Bebês, anteriormente feito pelo Departamento, e que já levava essas informações para mamães.

“Nosso guia para cuidar do bebê não tinha caráter inclusivo. Usamos este material, numa parceria entre pesquisadores da Odontologia e Fonoaudiologia, para fazer gravação em estúdio adequando a linguagem”, explica a professora Junia Serranegra, coordenadora do trabalho.

Segundo ela, um pesquisador do mestrado está validando uma escala para medir ansiedade de crianças com deficiência visual, por isso, está em contato um grupo de mães do Instituto São Rafael. Os cientistas conheceram os desafios desse publico e aproveitaram o “intercâmbio” para desenvolver o audiobook pensando, especialmente, nessas mamães.


Instituto São Rafael é um centro de referência em atendimento especializado a pessoas com vários tipos de deficiência visual em Belo Horizonte. Segundo o governo de Minas, o instituto atende cerca de 400 pessoas por mês, acolhe todos os pedidos de suporte na área de atendimento às pessoas com deficiência visual, principalmente referentes a processos de aprendizagem.


Ouça o audiobook

Inclusão para saúde

Também está em desenvolvimento, um vídeo com tradução em Libras. Uma mestranda do Departamento de Saúde Bucal da Criança e do Adolescente está pesquisando a rotina de cuidados com bebês feita por mães com deficiência auditiva e ouvintes, para comparar a realidade desses grupos. Aproveitando o contato com as mães, surgiu a ideia do guia de cuidados em vídeo.

Mas, afinal por que trabalhar a inclusão na Odontologia? A professora Junia Serranegra explica que os profissionais de saúde no Brasil são muito treinados para a comunicação verbal. No entanto, ela não é suficiente para o atendimento a públicos diversos. “As mães com deficiência auditiva têm dificuldades desde o pré-natal, por isso, o número de partos cesárea é três vezes maior que mulheres ouvintes. Às vezes não é dada a esta gestante a escolha porque o médico têm dificuldades de comunicação”, exemplifica.

No caso da Odontologia, o enfoque é preventivo. “Sou professora da Odontologia há 32 anos e neste tempo tivemos somente uma criança e um pai com deficiência auditiva que nos procuraram para atendimento na emergência. Eles não estão chegando às nossas clínicas”, afirma a professora.

Os pesquisadores estão preocupados com detalhes como: passar fio dental é um desafio para pessoas com deficiência? De acordo com Junia Serranegra, uma pesquisa revelou que deficientes visuais têm parâmetros diferenciados para dentes feios e bonitos. “Para eles, dente bonito é quando passam a língua ou os dedos e sentem a arcada alinhada”, conta.

Outra pesquisa comparou o uso de chupeta em bebês por mães com deficiência auditiva e ouvintes. “A gente tinha a hipótese de que o choro da criança deixa a mãe ansiosa e ela oferece a chupeta. Mas, se a mãe com deficiência auditiva não ouve o choro, a relação com a chupeta poderia ser diferente. Descobrimos que os dois grupos dão a chupeta de forma semelhante, mas mães com deficiência auditiva oferecem por menos tempo”.

O principal objetivo dessas pesquisas e trabalhos desenvolvidos é alertar profissionais da área da saúde, em especial Odontologia, para a necessidade de mudança nos modos de comunicar. “É preciso estimular mais nosso alunos, destacando a importância do caráter inclusivo”, finaliza Junia Serranegra.

Veja também o material: Guia de Prevenção para Traumatismos em Dentes de Leite

Luana Cruz

Mãe de gêmeos, doutoranda e mestre em Estudos de Linguagens pelo Cefet-MG. Jornalista graduada pela PUC Minas. É professora em cursos de graduação e pós-graduação.

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