O ano de 2020 marca os primeiros cinco anos desde que 193 países assinaram a Agenda 2030. Nela, estão os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Erradicação da pobreza, fome zero, saúde e bem estar, educação de qualidade, energia limpa e trabalho decente e crescimento econômico são alguns deles. A Agenda 2030 funciona como um mapa para orientar políticas públicas e ao setor privado, rumo a um desenvolvimento mais sustentável e igualitário.
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“A construção de uma agenda de desenvolvimento que seja um consenso para 193 países precisa partir de uma base de muita racionalidade. A ciência contribuiu inicialmente na construção da Agenda 2030. São 169 metas e 232 indicadores fundamentalmente apoiados no conhecimento científico, a partir dos grandes temas relacionados ao meio ambiente, à sociedade e às atividades econômicas”, afirma Rômulo Paes-Sousa, pesquisador do Instituto René Rachou – Fiocruz Minas.
Na última quarta-feira, 23 de outubro, Paes participou de um painel de debates com o tema Agenda 2030: como a ciência pode favorecer o desenvolvimento sustentável. As palestras foram promovidas pela Fiocruz Minas, como parte das atividades da 16ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.
Para o pesquisador, a ciência e a tecnologia são aspectos transversais na implementação e no sucesso da Agenda 2030. “Obviamente, não é só o conhecimento científico que move os atores políticos. Entretanto, a ciência pode oferecer um terreno mais racional para que se possa refletir quais as soluções necessárias para uma comunidade, um país ou ate mesmo para o mundo como um todo”, reflete.
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Saúde e Agenda 2030
Rômulo Paes lembra que a ciência pode e deve estar associada à formação e à capacitação de agentes públicos. Como reagir no contexto de uma epidemia emergente é um exemplo. Boa formação e conhecimento sobre as alternativas de enfrentamento em uma situação como essa é fundamental. “O sucesso no combate a uma epidemia depende se aquele conhecimento está disponível naquele momento exato”, diz.
Médico e epidemiologista, Paes fala sobre a presença da saúde na Agenda 2030. A temática não se limita a um único objetivo e está presente em diversas pautas, como saneamento básico e erradicação da pobreza. “A Agenda parte de um pressuposto importante: a saúde tanto se beneficia quanto contribui para o desenvolvimento econômico”, afirma. O pesquisador explica que um país com ambiente saudável contribui para a saúde das populações. Por sua vez, torna-se mais atraente para o desenvolvimento econômico. Populações saudáveis são mais produtivas.
Desafios do desenvolvimento sustentável
Para o pesquisador, o primeiro desafio para a implementação da Agenda 2030 é político. “É preciso que os governos se comprometam mais, o que implica em fazer mais investimento público, em disseminar mais a Agenda e em trazer os atores sociais para o debate e para a busca de soluções”, diz. O segundo desafio é próprio da natureza da agenda, abrangente e complexa. “Estamos atrasados, mas temos 15 anos para avançar bastante nisso”, completa Paes.
A Agenda conta com mecanismos de revisão, a cada cinco anos. Segundo o pesquisador, houve um certo deslocamento da liderança política da Agenda. Países emergentes estão menos atuantes em relação ao passado. “Isso prejudica a compreensão mais global de quais as necessidades das populações desses países para o desenvolvimento sustentável. É importante que esses países revejam essa posição mais tímida, para que possam representar e qualificar adequadamente a Agenda, porque ela está em construção”, argumenta.
Mostra científica
Outra ação da Fiocruz Minas será uma mostra científica. Além de apresentar aos visitantes os estudos desenvolvidos na instituição, a ação pretende contar como a ciência tem contribuído para resolver os problemas da humanidade. Serão diferentes estandes com os diversos temas com as quais a Fiocruz trabalha, como malária, leishmaniose, doença de chagas e violência.
Os público poderá conferir maquetes, pôsteres e instrumentos usados nas pesquisas. Haverá ainda jogos interativos, para apresentar informações científicas de forma divertida e lúdica.
O evento tem foco, principalmente, em alunos de ensino médio e fundamental. “A principal motivação é aproximar a academia da população. Primeiro, queremos dar um retorno sobre o nosso trabalho. E também atrair alunos para a carreira cientifica, promover a valorização da ciência e resgatar porque a ciência é importante e como está presenta na vida da pessoa”, diz Cristiana Brito, vice-diretora de Ensino, comunicação e Informação da Fiocruz Minas.
A exposição acontece nesta sexta-feira, dia 25 de outubro, no Centro de Referência da Juventude, em Belo Horizonte. Além da Fiocruz, também participam da mostra outras instituições científicas, como a Fundação Ezequiel Dias (Funed), Museu Ponto – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Escola de Saúde Pública (ESP-MG).
Com ações em todo o Brasil, a 16ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia tem como tema Bioeconomia: diversidade e riqueza para o desenvolvimento sustentável. A atividade é coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).