logotipo-colorido-1

AO VIVO

Divulgação Científica para crianças

plataforma de 1 real

Equipes de resgate atuam em Brumadinho, após rompimento de barragem. Foto: Romerito Pontes

Passados quase seis meses após o rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho, pesquisadores e profissionais da área da saúde irão se reunir na cidade atingida, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nos próximos dois dias, para fazer um balanço dos serviços prestados à população e anunciar ações futuras. Dentre elas, a realização de estudos observacionais da saúde de adultos e de crianças da região pelos próximos 20 anos, que serão apresentados durante o Seminário Desastre da Vale S.A. em Brumadinho, promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os trabalhos serão coordenados pelo Instituto René Rachou, em Minas Gerais.

A partir de dados da base Datasus, do Sistema Único de Saúde, e do Comitê Operativo de Emergência (organização formada em resposta à tragédia, com a participação de representantes dos órgãos públicos municipais, estaduais e federais), é possível dimensionar os impactos nas redes de atenção locais no curto prazo.  “Principalmente no município de Brumadinho, tivemos o aumento da procura por atenção psicossocial, não só pelos familiares das vítimas, mas também pela população afetada de forma indireta”, destaca Mariano Andrade da Silva, pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde, vinculado à Fiocruz, no Rio de Janeiro.

Outras constatações são menos evidentes, mas não fogem ao radar dos especialistas, tais como epidemias que afetaram municípios vizinhos – a dengue, por exemplo, que já provocou 18 mortes na cidade de Betim, em 2019, segundo boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde, divulgado nessa segunda-feira, 12. “Foram registrados surtos de dengue exponenciais, com registros aumentados em comparação aos anos anteriores. É possível que tenha havido uma alteração no ciclo dos vetores, afetado pela supressão da mata nativa, além da modificação do próprio meio hídrico. Mas não podemos fazer essa associação de forma direta”, analisa o pesquisador.


Principalmente no município de Brumadinho, tivemos o aumento da procura por atenção psicossocial, não só pelos familiares das vítimas, mas também pela população afetada de forma indireta.

Silva afirma que o objetivo é preparar o setor da saúde para responder a outros possíveis eventos futuros. Ele explica que, a partir da análise do rejeito que se alastrou com o rompimento da barragem, o Ministério da Saúde definiu uma série de contaminantes químicos que devem ser monitorados. “O município que tem uma boa capacidade de resposta vai identificar se a qualidade da água fornecida está dentro do padrão preconizado pelo próprio Ministério e atuar de forma preventiva para a saúde dessa população nos decorrer dos anos futuros”, exemplifica.

O Seminário Desastre da Vale S.A. em Brumadinho começa nesta quinta, 15, e prossegue até sexta-feira, 16, das 9h às 17h30, na Câmara Municipal de Brumadinho. Além dos profissionais das diversas unidades da Fiocruz no Brasil, está prevista a participação de representantes de outras instituições: Ministério da Saúde, Ministério Público Federal, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Butantan, Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), Agência Nacional das Águas, secretarias de saúde dos municípios de Brumadinho e Mariana, Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e Defesa Civil.

Alessandra Ribeiro

Graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte - Uni-BH (2004). Especialista em Imagens e Culturas Midiáticas (2008) e mestra em Comunicação Social (2020) pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG . É jornalista do projeto Minas Faz Ciência desde 2015 e autora do e-book Mulher faz Ciência.

Conteúdo Relacionado