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Imagem meramente ilustrativa via Pixabay

Nas últimas décadas, novas tecnologias têm ampliado o entendimento sobre o desempenho e atletas esportivos. Que o diga o uso da termografia, técnica que ganha espaço, inclusive, entre times de futebol da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, a exemplo de Cruzeiro e Botafogo.

A metodologia possibilita – dentre outras coisas – a preservação da integridade de atletas de alto rendimento.

Sobre a termografia

Segundo João Carlos Bouzas Marins, coordenador do Laboratório de Termografia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o corpo gera calor de dentro para fora, até chegar à pele, de onde é irradiado.

Tal mecanismo permite o uso de câmera infravermelha, para captar as ondas de calor emitidas e quantificar a temperatura por software.

“O processamento da temperatura funciona por pixels. Ou seja, a cada 0,01 Cº, o pixel apresenta cor diferente: quanto mais azul, mais frio; quanto mais branco, mais quente”, explica.

Bouzas conta, ainda, que a câmera termográfica pode variar de tamanho. Pode-se medir as temperaturas dos atletas, até mesmo, por meio de smartphones ou máquinas filmadoras.

Aparelhos de boa qualidade variam de R$ 60 a R$ 300 mil.

“No Laboratório, temos duas possibilidades. A primeira, e mais simples, compramos com recursos próprios. Já a segunda, uma câmera de melhor qualidade, foi adquirida com apoio da FAPEMIG”.

A tecnologia é velha conhecida das atividades militares, da construção civil e da Medicina.

Entretanto, seu uso no meio esportivo revela-se ainda recente, sendo o Laboratório de Termografia da UFV o primeiro centro de estudo, no Brasil, a investigar, em ambiente acadêmico, a técnica aliada ao exercício físico.

“O Laboratório é um dos maiores centros de estudo sobre o assunto do mundo, junto ao Instituto Nacional de Educação Física da Universidade Politécnica de Madri, com quem mantemos parceria”, informa o pesquisador.

Quais os benefícios, na prática?

A termografia tem, realmente, se revelado aliada do esporte.

De acordo com Alex de Andrade Fernandes, pesquisador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IF-MG) e egresso do Laboratório da UFV, os resultados práticos, observados e mensurados na equipe do Cruzeiro Esporte Clube, mostram-se bastante positivos.

“Os números de lesões reduziram drasticamente. Quando entram em campo, os atletas estão com melhor condição de jogo. Ou seja, com percentual mais próximo de seu máximo, e podem se entregar mais à partida”, conta.

O artigo “Measuring skin temperature before, during and after exercise: a comparison of thermocouples and infrared thermography”, produzido em 2015, tornou-se referência mundial no assunto, sendo um dos mais citados e procurados no “Medline” – sigla, em inglês, para “Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica” –, base de dados da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos. 

Por meio do estudo, identificou-se que a temperatura da pele em repouso, medida com os termopares, apresenta valor maior do que o avaliado na termografia.

“Com o início do exercício, os valores se invertem. Ou seja, aqueles obtidos pela termografia aumentam, ao contrário dos termopares, que reduzem um pouco mais”, explica o pesquisador.

Segundo ele, há aplicação prática do estudo para otimização de performance de atletas, mas também em outras áreas:

“As camisas de futebol dos jogadores, ou as que compramos para fazer caminhada – das grandes marcas ou intermediárias – passam por testes antes de serem comercializadas. Os dados ajudarão os profissionais dos centros de desenvolvimento a formular seus produtos”, conclui.

Leia reportagem completa de Tuany Alves na Minas Faz Ciência 76.

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