No Brasil, existe uma farmácia (ou drogaria) para cada 3.300 habitantes e o país está entre os dez que mais consomem medicamentos no mundo, segundo dados do Conselho Federal de Farmácia. Este acesso aos remédios resulta no aumento no consumo, automedicação e uso indevido sem orientação. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), metade das pessoas que usa medicamentos faz de forma incorreta.
Pensando nisso, estudantes e pesquisadores do Grupo de Estudos Farmacêuticos (GEPhar), da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), criaram uma cartilha para ajudar a população a usar mais racionalmente os medicamentos. O guia traz uma série de dicas sobre atitudes que contribuem para o consumo mais seguro dos fármacos.
A cartilha é feita para você que tem dúvidas como: Posso ingerir o medicamento junto com o alimento? Quando e como devo tomar? Como vou armazenar meu medicamento? Como descartar?
De acordo com a professora Elza Conceição de Oliveira, coordenadora do GEPhar, muitas pessoas percebem os medicamentos como objetos mágicos não fazem mal. Portanto, usam de forma errada prejudicando a saúde, causando reações, intoxicações, sobredoses, alergias, além da ineficiência terapêutica por tomarem doses abaixo da necessária.
“Praticam também o que chamo de vizinhoterapia, quando uma pessoa indica para outra um medicamento que já usou e foi bom. Não sabem descartar corretamente, jogando o remédio no lixo comum, vaso sanitário ou contaminando o ambiente. Houve um a ação social, recentemente, aqui em Ouro Preto e uma senhora disse que joga os medicamentos vencidos nas plantas como adubo”, alerta a professora.
A cartilha é produzida e distribuída digitalmente. O material pode ser baixado neste link de forma gratuita. Os estudantes que elaboraram a cartilha foram Marialice de Oliveira, Rafael Vieira Duarte e Samantha Tonidandel, sob orientação da professora Elza e com a colaboração das farmacêuticas assessoras Alessandra Esther de Mendonça e Cristiane de Paula Resende.
Estudos e discussões
O curso de farmácia da UFOP tem três vertentes: Indústria, Análises Clínicas e Assistência Farmacêutica. É nesta última linha que os estudos e discussões do GEPhar se encaixam. O grupo se dedica a projetos e ações sobre educação em saúde, estudos sobre medicamentos, publicações sobre saúde da mulher e práticas integrativas. Também são debatidos temas transversais como enfrentamento da violência contra a mulher e criança, sexualidade com responsabilidade, entre outros.
O GEPhar é composto por estudantes de graduação, de pós-graduação da Escola de Farmácia da UFOP e farmacêuticos graduados. Os trabalhos resultam em produtos variados como banners, cartilhas, folhetos impressos ou digitais, trilhas de áudio (podcasts), cursos, oficinas, vídeos, publicações científicas e exibições de filmes seguidos de debates.
De acordo com a professora Elza Conceição de Oliveira, o plano para o futuro é continuar produzindo material de educação para a população, com linguagem acessível.
“Vêm aí cartilhas de enfrentamento da violência contra a mulher e crianças. Além disso, boletins informativos sobre a saúde da mulher, um livro-curso para gestantes e um livro sobre ‘as plantas, a farmácia e o sagrado’. Também estamos produzindo uma série de boletins para discutir os efeitos do canabidiol (CBD), um dos principais componentes da Cannabis sativa, para manejo das crises de epilepsia”.