Pesquisa avalia processo de fabricação de cimento em MG

Dentre as riquezas naturais de Minas Gerais, uma que desperta o interesse de empresas cimenteiras é o calcário, principal matéria-prima para a fabricação de cimento.

A abundância de calcário em Minas faz do estado um dos maiores produtores de cimento do Brasil, com dezenas de empresas instaladas em seu território.

Ocorre que o potencial poluidor gerado para a operação destas produções é alto, tanto nas cidades onde estão instalados os empreendimentos, quanto em seu entorno.

Tendo em vista a relevância deste setor para a economia, Antônio Augusto Melo Malard analisou o processo produtivo de algumas cimenteiras e blendeiras mineiras com relação à atividade de coprocessamento de resíduos.

O pesquisador verificou pontos passíveis de melhoria para a Deliberação Normativa (DN) nº 154, de25/08/2010 quanto ao aprimoramento da atividade produtiva com redução de impactos ambientais.

O projeto foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG), por meio do projeto Avaliação Ambiental do Setor de Coprocessamento no Estado de Minas Gerais.

Investigando a fabricação de cimento

Em seu estudo, Malard realizou o cruzamento de dados obtidos nas visitas técnicas às cimenteiras, bem como investigação no Sistema Integrado de Informação Ambiental (SIAM).

Ele definiu quinze parâmetros ambientais considerados relevantes para avaliar as empresas que realizam o coprocessamento. Classificou também as cimenteiras, considerando seu desempenho ambiental.

Foram consideradas sete classes de desempenho ambiental: péssimo, muito ruim, ruim, regular, bom, muito bom e ótimo.  Duas empresas, das 12 analisadas, obtiveram classificação ruim e oito foram classificadas como regular. 

A constatação surpreendeu Malard, que esperava um cenário mais positivo:

“Imaginava um panorama diferente, com pelo menos algumas empresas alcançando uma melhor classificação, entretanto é importante dizer que o setor evoluiu no decorrer dos anos, possuindo estrutura mais adequada que diversas outras tipologias industriais. O trabalho demonstrou que é necessário que normas e procedimentos mais efetivos sejam desenvolvidos, sendo imprescindível a revisão da DN Copam nº 154/2010”, explica.

Reconhecimento de falhas

O estudo teve desdobramentos e reuniões para apresentação dos resultados. “Grande parcela das cimenteiras reconheceu suas falhas e potencialidades de melhoria”, afirma o pesquisador.

O estudo também serviu de base para a criação do Grupo Multidisciplinar de Trabalho (GT), composto por representantes titular e suplente da indústria, governo, Ministério Público, universidade e associação das empresas de tratamento de resíduos, por meio da Resolução Conjunta Semad/Feam 2.472 de 24/02/2017.

O objetivo, com a criação do Grupo, foi revisar e complementar a DN a ser submetida ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), que deverá avaliar e fazer as alterações necessárias e pertinentes ao pleito. 

“É importante que exista uma legislação efetiva que objetive uma operação da atividade com menor impacto ambiental, mas que contribua para o avanço do setor produtivo”, finaliza.

A matéria prima do cimento

O clínquer, junto com o gesso e a escória de alto forno (materiais de adição), constituem as matérias-primas básicas para a fabricação do cimento.

Para a produção do clínquer, são necessárias as matérias-primas calcário (75-80%), argila (20-25%), além de pequenas quantidades de óxidos de alumínio e ferro, sendo que suas proporções dependem do tipo de cimento fabricado.

Por meio da técnica do coprocessamento, essas matérias-primas, assim como combustíveis, podem ser substituídas por resíduos. Portanto, o setor cimenteiro surge como uma alternativa para a correta destinação de resíduos.

A prática do coprocessamento deve ser incentivada pelos inúmeros benefícios que proporciona, mas desde que realizada com o adequado controle ambiental.

Texto originalmente publicado no site da Fapemig.

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