A coleta do lixo urbano é serviço de grande relevância para a população urbana. E o descarte incorreto é responsável por uma série de problemas nas cidades. O acúmulo de lixo pode ampliar a disseminação de doenças ou levar ao entupimento de bueiros, causa de alagamentos no período de chuvas. Com o crescimento populacional nas cidades, busca-se a otimização, o barateamento de custos e a conscientização sobre o processo de coleta urbana.
Pesquisadores do Instituto Nacional de Telecomunicações, Inatel, propõem uma solução tecnológica para otimizar esse serviço e para aumentar o envolvimento da comunidade com o descarte do lixo. O professor Joel Rodrigues e seu orientando de mestrado Kellow Pardini integram o grupo de pesquisa em IoT (Internet das Coisas) do Inatel. Eles criaram um sistema de gerenciamento de resíduos utilizando esse tipo de tecnologia. A solução integra lixeiras, instituições responsáveis pela coleta e cidadãos.
Confira, no Ondas da Ciência!
Lixeira inteligente
A lixeira testada e apresentada pelos pesquisadores do Inatel possui sensores de peso e volume. Os leitores produzem dados usados para definir o percentual de enchimento da caixa. Na estrutura, foram instalados também um receptor GPS e um módulo de telecomunicações, para transmitir os dados. Por fim, o dispositivo ganhou um painel de energia solar, que garante que ela possa ser instalada em qualquer local.
A segunda camada da solução de coleta de lixo é a de Middleware, software que recebe, executa os tratamentos necessários e faz o armazenamento dos dados transmitidos. “Pensamos em uma solução que possa considerar, em tempo real, a localização e o volume do lixo de cada container distribuído pela cidade”, explica Joel Rodrigues.
Segundo Rodrigues, a lixeira está pronta para uso. Para a sua viabilização, são necessários uma prefeitura interessada e um fabricante de lixeiras que construísse produtos orientados a IoT.
Eficiência e engajamento
Com o uso do sistema, prefeituras e entidades de coleta urbana poderiam acompanhar a localização e a lotação das lixeiras. Com os dados produzidos pelo sistema, seria possível entender a dinâmica do descarte na cidade. Por exemplo, estudar o volume do lixo descartado em dias, horários e em regiões da cidade. São informações úteis para otimizar as atividades de coleta.
Não precisaríamos ter aquele formato tradicional de coleta. Não seria necessário fazer a mesma rota diariamente ou algumas vezes por semana, independente das lixeiras estarem cheias ou vazias. O sistema pode gerar ganhos significativos, em termos de meio ambiente, de conforto para a população e de reduzir gastos para prefeituras.
E, para o usuário, foi desenvolvido um aplicativo de celular. O programa apresenta um mapa da cidade, com a localização e a capacidade real atualizada de cada lixeira. “Podemos por exemplo depositar nosso lixo em um local que tem mais espaço, ao invés de colocar em uma que lixeira já esteja cheia. Com um simples app podemos contribuir para a participação ativa do cidadão na higienização da cidade”, diz o professor.