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Foto: Arquivo pessoal

No mês de abril, Carolina Cavalieri Gomes, professora do Departamento de Patologia Geral do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, foi premiada no Global Scholar-in-Training Awards. Ela recebeu a distinção por sua carreira de jovem pesquisadora sobre câncer pela Associação Americana de Pesquisa em Câncer (AACR). Entre os critérios de seleção, foram analisados o currículo dos pesquisadores com até dez anos de conclusão do doutorado, atuação, liderança e contribuição científica.

Há dez anos, Gomes iniciou sua trajetória de estudos sobre o câncer, com foco em tumores de cabeça e pescoço. Graduada em Odontologia, mestre em Patologia Bucal e doutora em Farmacologia Bioquímica e Molecular pela UFMG, a professora é subcoordenadora do Programa de Pós-graduação em Medicina Molecular da universidade. Assim, lidera diversas pesquisas na área de biologia tumoral.

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Pesquisas recentes

Mais recentemente, os estudos desenvolvidos pela pesquisadora visam identificar mutações em genes associados ao câncer, mas principalmente em tumores benignos que afetam a cavidade bucal. Embora benignos, muitas vezes esses tumores são agressivos e levam à destruição dos ossos do maxilar e da mandíbula. Na maioria das vezes, atingem crianças e adultos jovens.

Nas pesquisas coordenadas por Carolina Gomes, foram identificadas alterações no gene KRas, um oncogene que frequentemente sofre mutações em tumores humanos, como de intestino, pâncreas e pulmão. “Pela primeira vez, conseguimos mostrar que esses tumores, apesar de benignos, apresentam as mesmas assinaturas genéticas de tumores malignos agressivos. Nesses outros tumores, ela é inclusive utilizada como alvo para terapias”, diz a pesquisadora. O objetivo agora é estudar o papel dessa mutação nos tumores da cavidade bucal, centro do trabalho de Gomes.

Em outro estudo inédito, um grupo de pesquisadores liderado pela professora identificou o perfil genético de tumores dos ossos maxilares. “São tumores agressivos: você trata cirurgicamente e eles recorrem. Pela primeira vez, conseguimos identificar três grupos de alterações moleculares nesses tumores”, conta Gomes. Muitos desses tumores, que também afetam a maxila e a mandíbula de crianças e de jovens adultos, geralmente levam à destruição desses ossos.

As mutações identificadas podem agora se transformar em possíveis alvos terapêuticos para casos agressivos da doença. “A partir desses resultados, pretendemos fazer um ensaio clínico para testar algumas das drogas que agiriam nas mutações presentes nesses genes, nesses casos agressivos. É um estudo que, de uma forma translacional, vai levar a pesquisa de bancada para a prática clínica, podendo ajudar alguns desses pacientes no futuro”, afirma Carolina Gomes.

Desafios para a pesquisa sobre o câncer

Para Carolina Gomes, os grandes desafios na pesquisa de câncer no Brasil são financiamento, capacitação técnica e velocidade de trabalho para acompanhar os avanços tecnológicos e na pesquisa mundial. Para a professora, ainda é uma área insipiente no país, apesar da importância do estudo da doença. Hoje, no mundo e no Brasil, o câncer é a segunda causa de mortes por doenças crônicas. “E com a população envelhecendo, acredito que esse vai ser um dos nossos problemas principais”, opina Gomes.

A pesquisadora chama atenção para uma crescente multidisciplinaridade nos grupos de pesquisa de biologia tumoral.

São grupos formados por pesquisadores de diferentes formações: em ciências básicas, clínicos e bioinformatas. Acho que isso ainda é um entrave no Brasil, porque acabamos
não trabalhando de forma tão sistêmica.

A interdisciplinaridade faz parte do dia a dia de Carolina Gomes. “Gosto de trabalhar em conjunto, com uma equipe multidisciplinar. No laboratório eu tenho alunos de formações variadas e convivo com colegas de diferente departamentos da UFMG. E conviver com gente diferente, que pensa diferente, faz você crescer”, reflete a pesquisadora.

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