Discussões sobre nanotecnologia, análise de ciclo de vida, química forense, refino de petróleo, produção de cerveja e indústria 4.0 marcaram o I Simpósio de Engenharia Química da PUC Minas (Simeq). O evento aconteceu na PUC Minas, campus Coração Eucarístico, nos dias 24 e 25 de abril. A programação contou com palestras e minicursos.
Indústria e sociedade
“O petróleo entra, e sai o produto que a sociedade quer”, afirmou Nelmo Furtado Fernandes, Engenheiro de Processamento da Petrobras. O parque de refino da Petrobras produz hoje mais de dois milhões de barris de derivados por dia. Entre eles, diesel, gasolina, nafta, querosene de aviação e gás liquefeito de petróleo.
Enquanto apresentava as etapas do refino do petróleo da Petrobras, Fernandes falou sobre as grandes mudanças na indústria e no mercado. “Hoje, a sociedade demanda gastar menos energia e afetar menos o meio ambiente. As pessoas querem carros mais eficientes, que geram menor impacto. Assim, os produtos que entregamos seguem essa linha”, explicou.
As demandas sociais e contextuais que transformam o mercado foram uma constante entre as falas de pesquisadores e profissionais que passaram pelo evento. Na palestra Nanotecnologia e Inovação, Vinícius Gomide, pesquisador do Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno (CTNano) da UFMG, debateu as contribuições dos nanomateriais para a indústria. Gomide apresentou aspectos básicos e aplicações da nanotecnologia, novos produtos, empreendedorismo e propriedade intelectual relacionados com a área.
O CTNano abriu as portas no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec) no dia 16 de abril. O Centro veio para produzir uma ponte entre a tecnologia produzida na universidade e a necessidade do setor industrial. Dessa forma, o foco é a viabilização comercial de produtos, por meio da produção em maior escala e otimização. Leia mais aqui.
Indústria e universidade
A ponte entre universidade e mercado também marca outros campos relacionados à Engenharia Química. A palestrante Renata Fontes Prado Faraco, perita criminal do Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais, abordou a rotina no laboratório do instituto, marcada principalmente por exames de drogas de abuso.
Faraco aponta a importância dos grupos de pesquisa formados por peritos e pesquisadores para a identificação dessas substâncias. “A pesquisa é o que move a parceria de compartilhamento de informações e de equipamentos entre o laboratório e a universidade. Hoje, surgem novas substâncias psicotrópicas com uma velocidade gigantesca. Nós precisamos dessas parcerias para fazer análises e definir quais são essas substâncias”, explica.
A Análise do Ciclo de Vida (ACV) de produtos foi um dos temas de minicurso oferecido no evento. Marcella Neves Alvarenga, mestranda em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), falou sobre a metodologia ACV. É uma abordagem sistêmica dos impactos ambientais de produtos e serviços.
Para ela, a aplicação da ferramenta nas cadeias produtivas depende da criação e do fomento de parecerias entre indústria e centros de pesquisa. “Existe um tripé muito importante entre indústria, universidade e governo. A aplicação da ferramenta ainda é muito insipiente, então a gente precisa da universidade para criar metodologias mais robustas, principalmente quando se fala do cenário nacional”, afirma.
Ciclo de vida de produtos
Todo produto tem um ciclo de vida: etapas na cadeia de produtividade, desde a retirada de matéria‐prima na natureza, transformação e beneficiamento, transporte, distribuição, uso, reuso, manutenção e reciclagem, até a sua deposição final. A Análise do Ciclo de Vida (ACV) é uma ferramenta sistêmica para avaliar as consequências ambientais associadas a um produto ou serviço, ao longo de todas essas etapas da produção.
“Quando aplicamos a Análise do Ciclo de Vida, deixamos de pensar que uma solução é automaticamente melhor do ponto de vista ambiental. A ACV identifica e quantifica todos os impactos ambientais durante todas as etapas. Assim, o objetivo é que sejam tomadas decisões de desenvolvimento de produtos sustentáveis mais conscientes”, diz Alvarenga. Para a pesquisadora, o contexto atual é de compromissos mais rigorosos com a redução de impactos ambientais. “As indústrias estão cada vez mais preocupadas com esse tipo de análise. E temos também um mercado consumidor com uma consciência ambiental crescente”, explica.