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Imagem ilustrativa. Foto: Pixabay

Cidades Inteligentes (Smart Cities), Economia Circular (Circular Economy), Internet das Coisas (Internet of Things – IOT) e outros modelos atualizados ajudam a entender tendências de organização mais sustentável que pesquisadores e profissionais do mercado estão propondo para nossa sociedade. Nessa mesma galáxia conceitual, está a Modelagem da Informação da Cidade (City Information Modeling – CIM), que reúne dados físicos da construção de municípios – baseados em georreferenciamento – com a sistematização das informações em softwares para ajudar no gerenciamento.

O professor Humberto Coelho de Melo, do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) – campus Piumhi, é especialista no assunto e participou, recentemente, junto com outros pesquisadores, do congresso SBE19Brussels – BAMB-Circpath (Buildings as material banks: a pathway for a circular future).

“A Modelagem da Informação está muito associado a Cidade Inteligente, que por sua vez, se relaciona com Internet das Coisas. A demanda por Modelagem é mais ligada a infraestrutura urbana. O grande lance da engenharia e gestão pública é ter dados com maior precisão para avaliar impactos de seu modelo econômico. Por exemplo, se há um loteamento novo na cidade onde casas serão construídas, haverá mais geração de esgoto que influencia o volume existente no município. Isso precisa ser gerenciado”, afirma.

Ainda de acordo com o pesquisador, a ideia de Cidade Inteligente é muito focada no cidadão e nos usos que ele faz dos espaços urbanos. Já a Modelagem da Informação tem foco em questões técnicas para tomada de decisão do gestor público. “As pesquisas com esse viés, apesar de existir muita demanda, ainda estão começando no Brasil e fora daqui”, explica.

No congresso internacional, a equipe de engenharia civil do IFMG apresentou o trabalho “Implementação de conceitos de CIM no processo de gerenciamento da rede de esgotos em Piumhi”, que contou com a colaboração da professora Stella Tomé, do servidor do Campus IFMG Bambuí, Mauro Henrique Silva, e dos estudantes Marina Molinar e Diego Brenne. Também foi apresentada a pesquisa “A importância da Modelagem da Informação da Cidade para a sustentabilidade das cidades”, do estudante Hiago Dantas. Além da coordenação do professor Humberto Melo, contou a orientação do professor José Manuel de Souza durante o intercâmbio estudantil no Instituto Politécnico do Porto, em Portugal.

Trabalhos de campo em Piumhi. Foto: Arquivo dos pesquisadores

Gerenciamento de rede de esgotos em Piumhi

Os pesquisadores do IFMG, em parceria com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAEE) de Piumhi, fizeram o mapeamento inédito da rede de esgoto da cidade. A equipe foi a campo com equipamentos de alta precisão e coletou dados de localização (por meio de coordenadas geográficas) de bueiros e tubulações. Além disso, observaram a profundidade e diâmetro de encanamentos, fluxo e direção de esgoto.

“Todas essas informações foram inseridas em softwares livres que geram modelos virtuais. Durante esse trabalho, verificamos várias limitações como poço de visita (bueiros) tampados por asfalto, rede de esgoto antiga ou entupida”, detalha Humberto de Melo.

O próximo passo é obter os desenhos de todas as junções, curvas e  a visão geral de modelagem da tubulação. “Se a gente conseguir evoluir, podemos avançar para rede de drenagem, água, sistema viário e equipamentos urbanos”.  Segundo o professor, é possível vislumbrar até mesmo a reunião da Modelagem da Informação da Cidade com Big Data, usando dados que a própria população pode gerar para pensar gerenciamento dos municípios.

“Se houve um bueiro com problema, a população pode avisar, ou seja, gera uma informação. O sistema estando modelado facilita para o gestor identificar e atuar no problema, sem ser de forma paliativa. Economiza recursos públicos”, afirma.

Trabalhos de campo em Piumhi. Foto: Arquivo dos pesquisadores

Sustentabilidade das cidades

Outro trabalho feito por pesquisadores do IFMG relacionou ações de Modelagem da Informação da Cidade com normas de sustentabilidade previstas na ISO 37120/2014, que define um conjunto de indicadores a fim de orientar e medir o desempenho de serviços urbanos e qualidade de vida.

As áreas englobadas pelos indicadores são economia, educação, energia, ambiente, finanças, serviços de emergência, saúde, lazer, segurança, resíduos, transportes, telecomunicações, água, planejamento urbano, entre outras. “A pesquisa mostra que conseguimos obter muitos desses indicadores usando uma boa Modelagem. Se eu modelar a gestão de lixo, por exemplo, consigo responder a alguns indicadores de sustentabilidade. Essa norma vai ao encontro da Economia Circular”, diz Humberto de Melo.

Para o professor, essa é uma das formas de mostrar como a engenharia civil por ajudar e enxergar a cidade como todo e pensar o conceito de sustentabilidade de forma mais abrangente. “Em próximos projetos, já vamos desenvolver Modelagem para atingir os indicadores e mostra o quando o método é importante para as cidades e para as pessoas”, conclui.

Luana Cruz

Mãe de gêmeos, doutoranda e mestre em Estudos de Linguagens pelo Cefet-MG. Jornalista graduada pela PUC Minas. É professora em cursos de graduação e pós-graduação.

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