Explorando as fronteiras da arte, ciência e tecnologia

Arte, ciência e tecnologia. Três campos que envolvem grande complexidade nas formas de procurar saber e produzir saber. Na Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) há um grupo de pesquisadores dedicados a pensar as fronteiras das descobertas que envolvem essas áreas.

O Laboratório de Poéticas Fronteiriças (Lafront), coordenado pelo professor Pablo Gobira,  consolida estudos nas fronteiras dos saberes, linguagens artísticas, conhecimento científico e tecnológico. As pesquisas também se desdobram também em ações de extensão, numa relação entre conhecimento e cotidiano das pessoas.

É LabFront porque “se ocupa do que é gerado nas bordas e através delas”. Algumas das linhas de atuação são: visualização de dados, tecnologias pós-digitais, preservação digital, ubiquidade, atropotécnicas, Internet das Coisas, gamificação, artificação, trans-humanismo, pós-humano.

De acordo com o coordenador, a compreensão das fronteiras pela comunidade acadêmica ainda é um desafio.

“O campo artístico é tão complexo que pode ser equivalente à Física Nuclear ou à Biologia Nuclear. A gente não pode tratar mais o campo da arte como se pensou que poderia. Quando converso pragmaticamente com alunos ou quando penso nas tabelas de área definidas pela Capes, acredito numa equivalência de campos. Cada área tem seu jeito de fazer pesquisa, ensino e extensão. Não ver que a as artes têm especificidades é um problema. Eu enxergo as características da Ciência da Computação ou da Engenharia, mas nem todos veem da arte”.

Segundo Pablo Gobira, é interessante até transcender as tabelas de áreas. “Fazer arte e ciência ou ciência-arte não é pegar a sobra dos resultados dos processos científicos que se desenvolve ou aproveitar os recursos do laboratório de ciência. Ela deveria ser uma transição, um corte ou destruição de fronteiras”, reflete.

Futuro breve

O professor vislumbra um futuro breve em que as pessoas talvez enxerguem as fronteiras entre arte, ciência e tecnologia de forma mais prática. “Existe multidisciplinaridade em áreas como Engenharia Robótica, Biologia Sintética, entre outras. Geralmente, aceita-se melhor a transcender as tabelas de áreas em que há mais interesse do mercado, o que não muito o caso da arte”, explica.

No entanto, Pablo Gobira enxerga grande potencial da arte contribuir com o mercado. “Há possibilidade de contribuição na criação de produtos para ajudar a indústria a torná-los mais consumidos ou funcionais”. Ele mesmo faz parte, há três anos, de um grupo de professores que orienta estudantes em uma competição mundial de edição genética. Mas, afinal, o que o pesquisador da área de artes faz nesta composição?

O curso envolve os departamentos de Imunologia e Biologia Molecular da UFMG. Os alunos estão em busca de produtos inovadores para oferecer esses modelos colaborativamente aos organizadores da competição. É claro que muitas empresas estão de olho na ideias que são apresentadas porque podem significar novidades interessantes para a indústria, no que diz respeito a edição genética. Nesse caso, o professor Pablo Gobira entra como um mentor ou indutor de criação apresentando aos envolvidos muito repertório para que consigam desenvolver os produtos. “Eu entro mostrando o que é o campo da arte. É uma divulgação científica para cientistas”, conclui.

Produções do LabFront

Seminário

Entre os dias 23 a 26 de abril, o LabFront promove o Seminário de Artes Digitais de 2019, no Circuito Liberdade, em BH. O congresso de arte, ciência e tecnologia alcança a 5ª edição e tem como tema geral “Projeções e Memória da Arte”. O evento é organizado a partir de comitê composto por membros de várias instituições (UEMG, CEFET-MG, UFSM, FAD/ICAT).

O tema desta edição foi um consenso produzido a partir das discussões presentes sobre a memória da arte em todas as edições anteriores do congresso. Além disso, serão promovidas discussões sobre a memória da arte e de outras ações do campo desde o dia de hoje para o futuro.

O evento permitirá comunicações de pesquisas (e de produção de obras de arte) de várias temáticas. Durante as manhãs, os participantes vão interagir com convidados em conferências. Nos períodos da tarde, acontecerão os grupos de trabalho para apresentações de pesquisadores e artistas.

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Luana Cruz

Doutoranda e mestre em Estudos de Linguagens pelo Cefet-MG. Jornalista graduada pela PUC Minas. É professora em cursos de graduação e pós-graduação na Newton Paiva, PUC Minas, UniBH e ESP-MG. Escreve para os sites Minas Faz Ciência e gerencia conteúdo nas redes sociais, além de colaborar com a revista Minas Faz Ciência.