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Inovações tecnológicas mudam rotinas de produtores rurais

Não é de hoje que a inovação e a tecnologia têm sido grandes parceiras, em diversas frentes, do setor agrário brasileiro. Tais iniciativas permitem que o País obtenha ótimos resultados, tanto na agricultura quanto na pecuária. Não é à toa que o agronegócio foi o setor que desconheceu, por completo, os movimentos da crise, e, no ano passado, tornou-se responsável, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), por contribuir com 23,5% do Produto Interno Bruto (PIB) – maior participação em 13 anos.

Na atualidade, as inovações do campo – antes a cargo de grandes produtores, que investiam em pesquisa ou importavam tecnologia estrangeira – vêm ganhando a companhia de outro ator do segmento: as startups. Por isso, são muitas as empresas iniciantes, principalmente, de base tecnológica, com projetos relacionados ao agronegócio.

De olho nesse mercado, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) lançou, em 2018, o “NovoAgro 4.0”. Trata-se de programa composto por um conjunto de iniciativas do Sistema Faemg, com vistas a aproximar e fomentar o ecossistema de inovação reunido em startups e universidades. Busca-se, assim, a geração de tecnologias aplicadas, que promovam o desenvolvimento do agronegócio. Objetivo?  criar ambiente institucional e empresarial de apoio à inovação, para desenvolvimento do agronegócio, além de identificar e catalisar iniciativas que gerem tecnologias de ponta, inovadoras e aplicáveis ao setor.

Dentre os principais focos do programa, está a digitalização do campo no País, revestida de grandes desafios técnicos, operacionais e humanos. Espera-se, por exemplo, difundir tecnologias de informação e comunicação, ao pensar em infraestruturas com acesso à internet, já que muitas áreas de Minas Gerais não têm, sequer, rede de telefonia celular. Também almeja-se preparar os agricultores a receber e usar, ao máximo, as novas tecnologias.

“O universo agrícola é muito extenso e diversificado, e comporta produtores em todo o mundo, que se encontram nos mais variados estágios de desenvolvimento e adoção de tecnologias. Por isso, esse será um grande desafio”, acredita Pierre Santo Vilela, superintendente do Instituto Antônio Ernesto de Salvo (Inaes), braço de desenvolvimento de projetos e pesquisa do Sistema Faemg.

Segundo ele, há dicotomia entre os agricultores, que usam os mais rudimentares instrumentos na produção, mas são importantes para o fornecimento de alimentos, nas regiões onde atuam, a produtores que já adotam os mais sofisticados equipamentos e softwares para gestão de atividades. “Todos são essenciais nos mercados em que estão. Há, contudo, regiões onde fatores naturais, locacionais ou econômicos demandam que tecnologias de ponta sejam constantemente adotadas, para a própria sobrevivência do negócio”, observa o superintendente, ao salientar que, sem produtividade alta e máxima eficiência para uso de recursos, certamente, a agricultura não existiria ali.

Por isso, uma das frentes do programa busca apoiar o pequeno produtor. Pierre não é contra as tecnologias, mas acha que elas precisam adequar-se, ou estar acessíveis, à realidade do trabalhador. “Um dos gargalos enfrentados pelos pequenos produtores é a deficiência da assistência técnica e a extensão rural no País, fatores que os alijam das oportunidades que as novas tecnologias podem trazer à sua atividade”, lamenta.

O programa está atento a tais necessidades, pois muitas – e importantes – atividades desenvolvidas em Minas Gerais têm, predominantemente, pequenos e médios agricultores a frente do desenvolvimento agrícola, em áreas como cafeicultura, fruticultura, olericultura e pecuária de leite, dentre outras. “Dessa forma, priorizamos projetos que se adequem ou pretendam atender a esse público”, garante.

Foto: Reprodução Novo Agro 4.0

Na prática, o programa NovoAgro 4.0 pretende apoiar iniciativas, em estágio mais avançado de desenvolvimento, para, posteriormente, buscar ideias novas ou ações que suplementem deficiências, e ainda não foram apresentadas ao mercado. O programa não tem caráter típico de aceleração. Apesar disso, usam-se estratégias semelhantes para apoiar e desenvolver os bons projetos apresentados. “Mentorias de vasta e diversificadas equipes do Sistema Faemg, assim como de produtores rurais experientes, podem ajudar muito na fase de modelagem e de adaptação dos projetos”, destaca Pierre.

O Espaço NovoAgro 4.0 também é o ambiente de interação das empresas e empreendedores com as equipes do Sistema Faemg e de parceiros do programa. O diferencial são as fazendas espalhadas por todo o Estado, laboratórios vivos que apoiarão o desenvolvimento e a melhoria dos projetos.

Rural e digital

O programa tem chamado a atenção de empresas de tecnologia, que observam, no NovoAgro 4.0, uma oportunidade de crescimento. Uma delas é a startup  Agrodez Gestão, que produz software de gestão agrícola para culturas convencionais e orgânicas. A plataforma web e o aplicativo conta com mais de 15 recursos capazes de possibilitar, ao produtor rural, a realização de gestões financeira por meio de planejamento, fluxo de caixa, relatórios de custos e apontamento dos maiores gastos. Além disso, também permite a execução técnica, por meio de ordem de serviço, da organização de safra, do cadastro de pragas e da análise de solo e folhas.

A plataforma realiza, ainda, o gerenciamento de fluxo de produtos no estoque, a gestão de maquinários (próprios e alugados) e de funcionários (CLT e terceirizados), a agenda de contatos e o calendário virtual. “Dessa maneira, garantimos que os produtores realizem toda a gestão necessária e obtenham resultados práticos, acessíveis por meio de relatórios de gráficos e lista”, observa Maria Glória do Nascimento Younes, CEO e fundadora da Agrodez Gestão.

Estudante de Engenharia Agronômica, Maria pertence a uma família de produtores rurais. Segundo ela, a ideia surgiu a partir da análise das dificuldades de gestão de produtores rurais, que contam, no mercado, com soluções muito difíceis. “Passamos pela troca de gerações, em que pais transmitem aos filhos, que, por sua vez, necessitam e sobrevivem com tecnologia, e não mais com ‘papel e caneta’. Nossos clientes, portanto, são produtores mais jovens, que começaram a atuar nos negócios da família”, explica.

Na visão da CEO, a inovação cresce exponencialmente no agronegócio. A cada dia, startups inovam com tecnologias jamais esperadas em curto e médio prazos. “Sem dúvidas, as inovações estão em alta, e as startups são grandes detentoras dessa inovação”, acredita a jovem, ao salientar que a aceleração, por meio de programas como o da Faemg, abre vasto leque de validação da ideia, com aumento do alcance do produto que já está no mercado.

Se quiser saber mais sobre tecnologias, especialmente, para pecuária – desenvolvimento e o desempenho dos animais – leia na versão impressa da revista Minas Faz Ciência:

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