O engenheiro agrônomo Eudes de Souza Leão, que faleceu no último sábado, 15, foi um pernambucano que chegou em Lavras, Minas Gerais, na década de 1960. Enviado pelo Ministério da Educação (MEC) com o intuito de fechar a Escola Superior de Agricultura de Lavras (Esal), ele escutou o pedido dos professores, estudantes e funcionários e, no fim, descumpriu a portaria da Presidência da República.
Escolhendo lutar pela continuidade dos cursos superiores, Eudes Leão atuou ativamente para que a ESAL fosse federalizada, o que aconteceu em janeiro de 1964. Três décadas depois, a Esal se transformou na Universidade Federal de Lavras (Ufla), que hoje é uma das instituições de ensino e pesquisa mais importantes do País, com forte tradição na área da Agricultura. Em 2012, Eudes Leão foi nomeado professor Honoris Causa pela Ufla.
Em entrevista a uma equipe de televisão da região de Lavras em 2012, o professor relatou o quanto a missão de fechar a Esal o incomodou. Ele sabia que um professor universitário jamais deveria receber uma tarefa como aquela.
No livro “A Terra Prometida de Lavras”, o autor João Castanho Dias escreve que a justificativa dada ao governo pelo professor Eudes para não cumprir a ordem foi: “Senhor ministro, como pessoa de sua confiança, colocamo-nos no seu lugar e diante do heroísmo de professores, funcionários e alunos da escola, totalmente apoiados pelos habitantes de Lavras, resolvi não fechar tão rico patrimônio cultural e moral, a fim de resguardar o nome de Vossa Excelência da condenação pública, a ser execrado como inimigo de Lavras e do Estado de Minas Gerais”
Além de professor aposentado da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Eudes Leão também foi Secretário de Agricultura, Indústria e Comércio em Pernambuco. Segundo informações da UFRPE, Eudes desenvolveu importantes atividades e projetos no local. A FAPEMIG lamenta a perda do professor Eudes, que faleceu em Recife, aos 98 anos.
Com informações do Portal da Ufla.