Medindo 1 mm, composto por cerca de mil células, o Caenorhabditis elegans é um verme que vem substituindo modelos animais na pesquisa. No lugar de camundongos, coelhos ou macacos, pesquisadores podem utilizar o verme e encontrar direcionamentos para testes e estudos. O ser humano tem aproximadamente 19 mil genes, e o Verme tem 20 mil: 42% do DNA relacionado a doenças humanas também pode ser encontrado na espécie de nematódeo.
“Um verme simples pode permitir o estudo de doenças humanas e de novos tratamentos. Ele tem muitas similaridades com os humanos: as vias metabólicas, todos os processos biológicos, como ele responde a estímulos do ambiente e a doenças”, explica Viviane Alves, chefe do Laboratório de Biologia Celular de Microrganismos do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.
A professora coordena o projeto de extensão Cetoxy, uma ação que tem como um dos objetivos divulgar a aplicabilidade do Verme C. elegans. “Muitas pessoas desconhecem o verme e a utilidade que ele tem para a pesquisa. O Cetoxy tem a função de disseminar como o C. elegans pode ser aplicado na pesquisa”, diz. São usadas redes sociais e uma linguagem acessível, voltada para crianças e adultos.
Confira, no Ondas da Ciência:
Cultivo e aplicações do Verme
Viviane Alves conta que cultivar o verme é simples e barato. O animal se tornou um importante modelo para o estudo nas áreas da saúde e na indústria farmacêutica desde a década de 1970. Mais de 2 mil laboratórios no mundo utilizam a espécie para pesquisa em diferentes áreas e com diferentes objetivos, como:
- Eficiência, efeitos e avaliação da toxicidade de novos medicamentos;
- Avaliação de toxicidade no ambiente;
- Testes de toxicidade de produtos de nanotecnologia;
- Estudos sobre envelhecimento;
- Mecanismos das doenças.
Segundo Viviane, no Brasil são poucos grupos que se dedicam ao trabalho com o C. elegans, e o Laboratório de Biologia Celular de Microrganismos do ICB é um deles. “Hoje a gente faz parceria com uma série de laboratórios que precisam utilizar um modelo barato para entender melhor algumas doenças”, conta. Nesse contexto, o grupo usa o Verme para testes de virulência com amostras de estafilococos multirresistentes, considerados superbactérias. Também trabalham com três potenciais produtos antifúngicos para tratar candidíase e criptococose e estudam micoses de pele.
O projeto Cetoxy possui página no Facebook, e perfis no Twitter e no Youtube.