Alexandre Zuquete Guarato sobre motor flex mais eficiente

Publicamos recentemente aqui no Minas Faz Ciência sobre o trabalho de cientistas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que desenvolveram o Kopelrot, um motor flex mais eficiente. Enquanto os motores convencionais têm eficiência térmica média de 20%, as estimativas dos pesquisadores é que o Kopelrot alcance 41%.

Muitas perguntas surgiram dos nossos leitores, por isso levamos todas elas ao coordenador do projeto, professor Alexandre Zuquete Guarato. Além dele, a equipe de trabalho é composta pelos professores Sergio Leal Braga (PUC-Rio) e Fernando Costa Malheiros (Universidade do Estado de Minas Gerais); pelo pesquisador Filipe Teixeira Silva (PUC-Rio); pelos alunos Marcos Vinícius Medeiros de Oliveira (UFU), José Vitor Teixeira Paulinich (UFU), Nicolas Conley (PUC-Rio) e Nicolas Azambuja (PUC-Rio), além dos técnicos Eurico Salgado (UFU) e Paulo Sérgio Lima Mota (PUC-Rio).

1 – (Pergunta enviada pelo leitor Álvaro) – A Mercedes já teve a patente de motores rotativos Wankel inventados na Alemanha. Hoje a patente do conceito rotativo Wankel pertence à Mazda, que o usou no Mazda R7. Não sabemos se continua em fabricação. Esse Kopelrot não teria o mesmo conceito? Não estamos tentando reinventar a mesma roda? Seria um Wankel melhorado?

Coordenador do projeto, professor Alexandre Zuquete Guarato. Foto: Arquivo do pesquisador/Divulgação

Alexandre Zuquete Guarato: Nosso motor é diferente do Wankel. O Wankel teve problemas de vedação e emissões de poluentes. O nosso motor tem uma configuração diferente que resolve estes problemas. O Wankel não tinha taxa de compressão variável. O nosso tem, o que garante máxima eficiência para qualquer mistura de combustível.

2 – (Pergunta enviada pelo leitor Fernando) – Os motores elétricos estão aos poucos substituindo os motores a combustão. Por que esses motores no final desses tempos?

Alexandre Zuquete Guarato: Os carros elétricos ainda não estão prontos para serem utilizados em larga escala. As baterias atuais poluem muito mais ao serem produzidas, pois utilizam terras raras, têm vida útil pequena (no máximo 10 anos), são pesadas, volumosas, suportam cargas baixas, têm autonomia limitada e não podem ser recicladas.

Já foi comprovado em estudos científicos que utilizar um carro com motor de combustão interna a etanol polui muito menos que um carro 100% elétrico considerando sua vida útil inteira (produção, uso e descarte). O mundo de hoje não tem lítio suficiente para produzir as baterias necessárias nem capacidade de geração de energia elétrica para suportar a extinção abrupta do motor de combustão interna.

Além disso, mesmo durante seu uso, os elétricos poluem mais, pois 86% da produção de energia elétrica no mundo vêm do carvão, do petróleo e do gás natural, que são fontes poluentes e não ecológicas.

3 – (Pergunta enviada pelo leitor Wanderson) – A Volks já fez um motor de taxa variável e disse que ia por no mercado, mas até agora nada, assim como a Volvo Qual a novidade?

Alexandre Zuquete Guarato: Sim, já existiram motores com taxa de compressão variável (também da Saab, da Volvo, da Porsche, etc.), mas todos têm projeto muito complexo e caro. Tanto é que nenhum deles foi produzido em larga escala até hoje. Nosso motor Kopelrot tem geometria diferente e, por ser rotativo, a mudança de taxa de compressão é feita de forma muito simples de direta, pois basta um deslocamento lateral de um eixo em relação a outro eixo do motor.

A variação da taxa de compressão vai de 8:1 até 40:1, permitindo um amplo uso de combustíveis (etanol, metanol, gasolina, GNV, e até mesmo diesel instalando o sistema de injeção adequada).

O motor Kopelrot tem menos peças e as peças tem geometrias mais simples de serem fabricadas que as encontradas em um motor convencional. Esperamos que ele seja mais barato de fabricar que um motor convencional flex com taxa de compressão fixa (o que temos hoje no Brasil).

A economia será na tanto na compra do carro quanto no uso diário. Nos motores flex de hoje não existe mudança de taxa de compressão. A taxa de compressão é fixa (por exemplo, 11.5 : 1) e não é ideal nem para a gasolina, nem para o etanol. Dessa forma, desperdiça-se muita energia com os motores atuais. Portanto, com o motor Kopelrot, teremos uma grande economia de consumo de combustível e menores emissões de poluentes.

 

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Luana Cruz

Doutoranda e mestre em Estudos de Linguagens pelo Cefet-MG. Jornalista graduada pela PUC Minas. É professora em cursos de graduação e pós-graduação na Newton Paiva, PUC Minas, UniBH e ESP-MG. Escreve para os sites Minas Faz Ciência e gerencia conteúdo nas redes sociais, além de colaborar com a revista Minas Faz Ciência.

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