No seleto grupo de membros titulares da Academia Brasileira de Ciências (ABC), com destacada atuação científica na área da Física, figuram 82 homens e nove mulheres. Dentre elas está Marcia Barbosa, coordenadora do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 2013, Márcia foi uma das ganhadoras do Prêmio L’Oréal-Unesco Para Mulheres na Ciência, por seus estudos relacionados às anomalias dinâmicas da água. As aplicações de suas pesquisas envolvem, por exemplo, o desenvolvimento de tecnologias mais eficientes de dessalinização da água do mar. Ela também se tornou referência no debate sobre questões de gênero nas ciências, o que lhe rendeu a Medalha Nicholson, concedida pela Sociedade Americana de Física, em 2009.
“A participação da mulher em todas as áreas do conhecimento, particularmente em ciência, é fundamental, pois não podemos nos dar ao luxo de perder 50% dos talentos para resolver os grandes desafios científicos da humanidade”, afirma.
Nesta quinta-feira, 9, Márcia Barbosa irá proferir a palestra Mulheres na Ciência: uma verdade inconveniente, às 14h, no auditório da Reitoria, no campus Pampulha da UFMG. A apresentação é gratuita, aberta ao público, e marca o início das atividades da Formação Transversal em Direitos Humanos neste semestre.
Tema em voga
Ainda neste mês, a pesquisadora estará de volta à universidade mineira para participar do I Congresso de Mulheres na Ciência da UFMG, que será realizado de 27 a 31 de agosto, com inscrições encerradas. Ao longo de uma semana, serão realizadas mesas-redondas sobre as mulheres apagadas na história da ciência, a participação das mulheres negras na produção científica, a maternidade na carreira acadêmica e o machismo – com ênfase nas ciências exatas.
“Este tema ganhou maior destaque ultimamente graças ao crescimento da escolarização das nossas jovens. Vemos hoje os frutos de anos de lutas dos grupos feministas deste País. Os direitos que temos hoje são consequência das lutas de ontem”, analisa a cientista gaúcha.
No mundo, as mulheres representam 30% dos pesquisadores, segundo o instituto de estatísticas da Unesco. Embora o Brasil seja reconhecido como uma das nações onde há paridade na distribuição entre homens e mulheres na produção científica, a participação delas diminui à medida que aumenta o patamar de liderança nas pesquisas. O País também não está isento da sub-representação feminina nas Ciências Exatas e nas Engenharias. Tal disparidade levou a ONU Mulheres a emitir um alerta global, no ano passado, em defesa de um mundo que ofereça iguais condições de acesso às mais variadas carreiras para meninos e meninas.