O motor de carro flex completou 15 anos no Brasil em março deste ano. Segundo o Denatran, dos mais de 100 milhões de veículos licenciados no Brasil atualmente, 36% têm a possibilidade de serem abastecidos com gasolina ou etanol. Porém, o que pouca gente sabe é que esses motores adaptados desperdiçam combustível, segundo cientistas da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Uberlândia (Femec/UFU).
Para resolver esse problema, uma equipe de pesquisadores está desenvolvendo um motor de combustão interna rotativo com taxa de compressão variável e mais eficiente que os atuais. É chamado de motor Kopelrot.
Os motores que utilizamos têm quase a mesma configuração há 150 anos. São baseados em motores a gasolina que depois foram adaptados para rodar com álcool. O problema é que cada combustível tem uma regulagem específica, um parâmetro que se chama taxa de compressão.
Taxa de compressão
No Brasil, apesar da frota gigantesca, a taxa de compressão é fixa. Geralmente, ela é intermediária, acima do ideal para a gasolina e abaixo do ideal para o álcool, conforme explicam os cientistas. Isso significa que, no álcool, o carro está sempre desperdiçando energia. Para a gasolina, o veículo fica na iminência de ter uma pré-combustão que pode causar dano no motor.
De acordo com os pesquisadores, é como se os automóveis ficassem trabalhando com um sistema de ignição “correndo atrás do prejuízo” para não deixar o motor estragar.
Os motores convencionais têm eficiência térmica média de 30%. Segundo as estimativas da equipe da UFU, o Kopelrot alcançará 41%. Essa eficiência térmica relaciona o quanto da energia do combustível é convertida em potência mecânica que é usada para movimentar o carro.
Qual é a solução trazida pelo Kopelrot?
A ideia dos cientistas é mexer na geometria do motor. Atualmente, a maioria dos motores são chamados de alternativos, tecnologia que surgiu em 1865. Eles têm um bloco, pistões, bielas e um virabrequim.
Os pistões tem um movimento alternativo para cima e para baixo. As bielas transmitem o movimento dos pistões ao virabrequim, que gira. Esse giro, que transmite torque e potência, é levado à embreagem, à caixa de transmissão até chegar às rodas.
A configuração do motor proposto pelos pesquisadores é rotativa. Ao invés de cilindros de eixo reto ele tem uma câmara curva na qual trabalham quatro pistões, dois a dois. Nessa nova configuração a taxa de compressão é facilmente alterada e o motor irá funcionar de uma forma mais eficiente, independente de qual seja a mistura de combustível.
O protótipo Kopelrot, que vem sendo desenvolvido há quatro anos, trabalha somente com álcool e gasolina, mas o objetivo é que ele seja multicombustível, para que obtenha total flexibilidade e máximo aproveitamento.
O objetivo da equipe é que o novo motor chegue até o mercado, por meio de uma parceria com um fabricante de veículos. A construção do Kopelrot utiliza menos peças que um motor convencional, o que pode reduzir o preço para o consumidor final.
Com informações da Assessoria de imprensa da UFU.