Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão envolvidos em uma pesquisa internacional que busca identificar linhagens genéticas ligadas a imperadores Incas dos séculos 15 e 16.
Tais estudos de genealogia genética envolvem cientistas do Projeto Genográfico Sul-americano, dirigido pelo professor Fabrício R. Santos, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.
Outros pesquisadores, do Peru e da Bolívia, também participaram da descoberta de duas linhagens paternas que remetem a dois fundadores diferentes.
As descobertas podem estar ligadas aos governantes ou a um processo de expansão populacional ocorrida nos Andes, nos anos 1000 a 1450 d.C.
Essa investigação envolveu centenas de povos indígenas andinos, incluindo 18 indivíduos de 12 famílias que se declaram descendentes dos imperadores Incas.
Resultados publicados
[quote align=’right’]“Identificamos duas linhagens de cromossomos Y (passados de pai para filho) que podem ter sido herdadas dos imperadores Incas, pois são encontradas em algumas famílias Panakas, que se proclamam descendentes”, conta o professor Fabrício Santos. “Para atestar isso, será preciso analisar o DNA de esqueletos de descendentes dos Incas, que ainda não são disponíveis para o estudo”[/quote]
O estudo foi divulgado na revista Molecular Genetics and Genomics, tendo como primeiro autor José Raul Sandoval, professor da Universidade de San Martín de Porres (USMP) de Lima (Peru). Sandoval cursou doutorado em Genética na UFMG, orientado por Fabrício Santos.
O estudo é feito com DNA extraído da saliva obtida de raspagem das bochechas dos indivíduos. Os pesquisadores deram prioridade à coleta de material dos homens, uma vez que era adotada pelos governantes Incas a formação de clãs paternos.
A principal estratégia foi comparar os dados genéticos das famílias Panakas com os de outros grupos indígenas. O projeto conta com a participação de mais de dois mil indivíduos de diferentes povos sul-americanos.
História e Linhagens Genéticas
O mapa ao lado mostra os locais de referência das amostras investigadas no estudo.
Linhas tracejadas vermelhas, que cruzam de Pasto ao Peru, passando pela Bolívia e Argentina, indicam uma parte da “espinha dorsal” de Qhapaq Ñan (Grande Rodovia Inca).
A linha tracejada e pontilhada, em cinza, mostra a extensão geográfica dos impérios Wari e Tiwanaku
A divulgação desses primeiros resultados serve para demonstrar que a “associação de dados da história e da genealogia com técnicas da genética é fundamental para resgatar histórias que os conquistadores europeus tentaram apagar”.
O próximo passo da investigação deve ser feito com ossos muito antigos, que possam ser relacionados de forma convincente aos governantes do Tawantinsuyu.
Para que a pesquise avance, o professor Fabrício Santos alerta que será preciso contar com ajuda de outros colaboradores estrangeiros para a investigação do DNA antigo.
Via Boletim UFMG.