Santa curiosidade!
Nesta bela obra, o argentino (e cosmopolita) Alberto Manguel, atual diretor da Biblioteca Nacional de Buenos Aires, revela vasta erudição ao analisar importante atributo humano: a curiosidade.
Tal predicado – que, desde sempre, impulsiona os indivíduos ao conhecimento, mas também é visto como perigosa tentação, segundo as mais diversas tradições e abordagens religiosas – é aqui investigado por meio de saborosas e inteligentes referências à obra-prima A divina comédia, de Dante Alighieri (1265-1321).
Em 17 capítulos, com aprofundamento e leveza, Manguel dedica-se aos “sentidos” da curiosidade, e, ao mesmo tempo, revela-se ansioso por problematizar questões categoricamente existenciais:
“O que queremos saber?”; “Como podemos ver o que pensamos?”; “O que é linguagem?”; “O que estamos fazendo aqui?”; “Quais são as consequências de nossas ações?”; “O que vem em seguida?”; “O que é verdade?”.
Diante de livro tão surpreendente, a sugestão parece óbvia: reúna seu embornal dúvidas e boa leitura!
[infobox title=’Leia um trecho:’]“A imaginação, como atividade essencialmente criativa, desenvolve-se com a prática, não por meio de êxitos, que são conclusões e, portanto, becos sem saída, mas por meio de fracassos, por meio de tentativas que se revelem estar erradas, exigindo novas tentativas que, se os astros estiverem a favor, levarão a novos fracassos. As histórias da arte e da literatura, como a da filosofia e da ciência, são as histórias desses fracassos iluminados. ‘Fracasse. Tente outra vez. Fracasse melhor’”, era como resumia Beckett”.[/infobox]
Ficha técnica:
Livro: Uma história natural da curiosidade
Autor: Alberto Manguel
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 488
Ano: 2016