“Vivemos em uma sociedade que privilegia a juventude, por dois aspectos: pela beleza física e pela força de trabalho. E os idosos não se encaixam muito nesse modelo, porque frequentemente já saíram do mercado de trabalho e têm uma beleza diferente da que é valorizada”, diz Rita de Cássia Farias, professora do Departamento de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa (UFV). A pesquisadora coordenou o projeto de extensão Esta ruga tem história: envelhecimento, memória e transmissão de saberes.
Para a professora, doutora em Antropologia Social, a sociedade evita o envelhecimento. “A ideia do projeto é justamente o contrário: levar os idosos a refletirem sobre si, sobre sua vidas. É levar a pessoa a assumir sua velhice, a valorizar esse momento da vida”, explica. Alunos e pesquisadores conviveram com idosos em um centro de convivência para a terceira idade em Viçosa. Durante as visitas, os participantes podiam falar de si e das suas memórias.
Registros do envelhecimento
A ideia do projeto era criar tempo e condições para ouvir os idosos. “As rugas são uma expressão natural de que estamos passando pelo tempo, que o tempo é manifesto em nossas vidas. E assim vamos acumulando saberes”, reflete a pesquisadora. O trabalho produziu registros em áudio, fotografias e textos das memórias dos idosos. Os diálogos renderam um livro que retrata a história dos participantes.
No Ondas da Ciência, a professora Rita Farias conta sobre o projeto e fala da satisfação do grupo de idosos participantes, em poder repassar as próprias memórias: são histórias que não foram perdidas.