Há 20 anos, um polêmico acontecimento estampou capas de jornais e revistas: o nascimento de Dolly, a ovelha clonada. Ainda que esse fato tenha acontecido em julho de 1996, só no início de 2017, os biólogos Keith Campbell e Ian Wilmut responsáveis pela clonagem apresentaram ao mundo o resultado bem-sucedido do experimento.
À época, a notícia causou um alvoroço dentro e fora da comunidade científica. Muitos celebraram o acontecimento, defendendo que se tratava de um grande avanço para ciência, outros se mostraram contra alegando que o homem teria ido longe demais.
A famosa ovelha Dolly foi o primeiro mamífero clonado por meio da técnica Transferência Nuclear de Células Somáticas (TNCS). Tal procedimento consiste em retirar o núcleo da célula com seu correspondente ADN de uma célula que não seja um óvulo ou espermatozoide e implantá-la em um óvulo não fecundado, ao qual previamente se retirou o núcleo. No caso da ovelha, a célula para a realização da clonagem foi retirada de uma glândula mamária.
Em 2003, Dolly foi morta por eutanásia e levantou novas polêmicas acerca da clonagem. A ovelha foi abatida aos seis anos e oito meses, mas ovelhas da mesma raça de Dolly costumam a viver até os 12 anos. Na ocasião alguns pesquisadores disseram que ela sofria de osteoartrite relacionada à idade e de uma doença pulmonar progressiva, o que potencializou a ideia de que os clones podem envelhecer mais rápido que o normal.
Entretanto, no final deste ano, cientistas alegaram que as preocupações sobre o envelhecimento precoce em relação à clonagem foram equivocadas. A partir da análise de raios X do esqueleto de Dolly, pesquisadores da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, e da Universidade de Glasgow, na Escócia demonstraram que a doença das articulações de Dolly era, na verdade, bastante normal.
Muita coisa mudou
Nestes 20 anos que se passaram após a clonagem de Dolly, outros animais foram clonados: ratos de laboratório, vacas, cabras, porcos, cavalos, até mesmo cães, furões e camelos. Já no começo dos anos 2000, toda a polêmica em torno da clonagem de mamífero parecia ter sido esquecida, pois a comunidade científica provou que a clonagem de mamíferos era totalmente possível.
Outro avanço em decorrência da clonagem de Dolly foi a criação de células capazes de se transformar em qualquer célula adulta especializada. Isso aconteceu em 2007, quando a equipe do pesquisador Shinya Yamanaka descobriu que era possível obter em laboratório uma célula adulta sem necessidade de produzir um embrião clonado. Desde então, cientistas podem gerar células para reparar um tecido prejudicado seja por lesões ou degeneração.
Os 20 anos da ovelha Dolly marcam, portanto, o início de um novo leque de oportunidades para ciência. Há a expectativa, por exemplo, de que possamos gerar órgãos que podem se desenvolver em um hóspede não humano, o que facilitaria o transplante de órgãos.
O que você acha que podemos esperar nos próximos 20 anos?