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Spirulina seca. Foto: WILL POWER/Flickr

Os brasileiros não têm o hábito de comer algas, mas elas são importantes fontes de proteína, vitaminas e antioxidantes. Você pode já ter consumido alga em algum restaurante chinês ou japonês, no entanto deve achar diferente comê-las na salada ou misturadas a algum molho. Elas são muito consideradas como opção para vegetarianos, por exemplo. Que tal pensar em incluir esse alimento na dieta?

Foto: Lara Torvi/Flickr

Existem cerca de 50 tipos de algas comestíveis. Uma delas, a spirulina (spirulina platensis), é considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) o alimento do futuro. Como ela é produzida em meio aquoso, tem alta umidade quando é colhida. Dessa forma, para oferecer ao mercado, é preciso secar em pouco tempo para que não estrague.

Pensando nisso, cientistas da Engenharia Química na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no Triângulo Mineiro, desenvolveram um secador de algas que utiliza energia solar. O produto é resultado da dissertação de mestrado do pesquisador João Paulo Siqueira Silva sob orientação dos professores Luiz Gustavo Martins Vieira e Marcos Antonio de Souza Barroso.

Segundo os pesquisadores, para a secagem, é necessário um fluido. No caso do secador desenvolvido por eles, o ar quente serviu como fluido. Para aquecê-lo, seria necessário gasto de muita energia, por isso optaram pela energia solar que torna o processo mais barato e sustentável.

Secador produzido pelos na UFU. Foto: arquivo dos pesquisadores

Ainda conforme os cientistas, estudos mostram que 70% do custo de secagem de um produto agropecuário é referente à energia. Por isso, pensaram numa proposta mais econômica com energia disponível.

Experimentos e resultados

Durante os experimentos, a spirulina foi colocada em algumas bandejas dentro do secador, que é uma câmara fechada. O ar era aquecido no coletor. Uma vez aquecido, entrava em contato com o material. Era uma secagem de contato indireto, pois receber a luz solar direta poderia degradar a alga.

De acordo com os cientistas, os resultados foram satisfatórios: o material tinha 80% de umidade e, durante quatro horas de secagem, o secador desenvolvido a reduziu para um teor de 13%. Com esse parâmetro, já é possível armazenar e comercializar as algas.

Qualidade nutricional das algas

Também foram feitas análises do material natural e seco para quantificar possíveis perdas e ganhos de compostos bioativos: flavonoides, fenólicos e a ficocianina. Conforme os engenheiros, esses são justamente os compostos que dão às algas características nutritivas e antioxidantes.

Secador reduziu para 13% o teor de umidade da alga. Foto: Milton Santos/UFU

Após a secagem, houve uma redução dos fenólicos, mas em um percentual dentro do aceitável, segundo os cientistas. Em contrapartida, aumentaram os teores dos outros dois componentes, o que é um ponto muito positivo.

Todo o processo de secagem e as análises foram feitas no Laboratório de Separação e Energias Renováveis da Faculdade de Engenharia Química. As algas foram compradas de uma fazenda em Goiás.

A planta marinha está começando a entrar no mercado brasileiro recentemente, por isso, existem poucos produtores no país.

Gostou do tema sobre algas? Em breve, a edição 71 da revista Minas Faz Ciência traz uma reportagem sobre a produção de biocombustíveis e bioenergia com uso de microalgas.

Luana Cruz

Mãe de gêmeos, doutoranda e mestre em Estudos de Linguagens pelo Cefet-MG. Jornalista graduada pela PUC Minas. É professora em cursos de graduação e pós-graduação.

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