Para preservar a natureza, é preciso entendê-la como rede


Publicado em 01/06/2017 às 11:59 | Por Verônica Soares

[infobox title=’A natureza é uma rede’]”Quando uma abelha poliniza uma flor no Cerrado, ajuda a preservar o Rio São Francisco, que nasce na Serra da Canastra e deságua no Atlântico depois de banhar cinco estados. Na natureza, tudo está conectado. É como uma colcha de retalhos, ou uma teia de aranha: cada espécie, de animal ou de planta, é um ponto da teia que está ligado a vários outros. Na ecologia, isso recebe o nome de rede de interações ecológicas, e é estudando essa rede que se entende o que fazer para preservar a natureza”.[/infobox]

O trecho acima faz parte da divulgação da pesquisa realizada pelo professor Kleber Del-Claro, do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), sobre a importância de preservar a natureza. Ele desenvolve estudos em ecologia comportamental, que avaliam se o comportamento do animal aumenta ou diminui seu valor adaptativo. Isso é o que “capacita esse animal a sobreviver por mais tempo e deixar uma descendência maior no ambiente”.

Pesquisas em diversas áreas buscam respostas que podem auxiliar na preservação ambiental, mas o tema merece ainda mais destaque nesse mês que se inicia. No dia 5 de junho, comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia e iniciativas em todo o país buscam atrair a atenção da sociedade para a importância da conservação ambiental.

As pesquisas contribuem para esclarecer maneiras eficientes de preservar. “Dos estudos da ecologia de interações em redes, feitos por pesquisadores do mundo todo, saem propostas de ação para preservação de ambientes”, aponta o professor Del-Claro.

Pesquisar para preservar a natureza

Na UFU, a pesquisa é focada em observar as interações que acontecem no Cerrado. Um dos locais de observação é a Reserva Ecológica do Panga. A área foi adquirida pela Universidade em 1986 e transformada em espaço de reserva.

Além dos campos, as observações e os experimentos são feitos também em laboratórios. A criação de colônias de formigas e de variados insetos, além de observações e fotografias em lupa são exemplos disso.

“A rede de interações que acontece nas Veredas do Cerrado mantém os polinizadores que sustentam as plantas; elas, por sua vez, têm as raízes que seguram a terra e impedem o assoreamento, mantendo as nascentes de água sobrevivendo e nutrindo os grandes rios, como o São Francisco”, afirma Del-Claro.

As aulas de campo são etapas que compõem o estudo de ecologia comportamental. Foto: Divulgação.

Como a pesquisa é feita?

Os estudos em ecologia comportamental são feitos por meio de observação e experimentos laboratoriais. Começam de um ponto específico (uma espécie animal ou vegetal) e vão ampliando seu escopo para observar todas as interações ligadas a esse ponto inicial.

Assim, para pesquisar uma grande área, é preciso reunir forças. Graduandos, por exemplo, podem pesquisar como acontece a polinização de uma planta. No mestrado, é possível estudar a rede de polinizadores dela. Já no doutorado, observar como diferentes redes estão interconectadas em uma comunidade inteira. Como resultado, é possível a reunião de todos esses estudos em artigos científicos.

Preservar um grande animal, como o lobo-guará, por exemplo, significa preservar animais menores, como formigas, e todo o sistema em que esses animais se encontram. A área para manter a salvo o lobo-guará é grande porque ele é o topo da cadeia trófica. Abaixo dele existem várias espécies vivendo no mesmo ambiente, das quais ele depende.

Informações da assessoria de imprensa da UFU.

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