Cubo mágico e matemática: conheça estudante que é campeão desse desafio

Você já tentou montar o cubo mágico, aquele “brinquedo” com quadradinhos coloridos que, depois de resolvido, cada um dos lados fica com uma única cor? Para alguns, tentar solucionar o cubo mágico pode ser apenas uma diversão e distração, mas para o estudante do 4° período de Engenharia Elétrica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), Pedro Henrique da Silva Roque, 22 anos, resolver esse quebra-cabeça é uma prática que requer concentração, determinação e muita matemática.

O cubo possui seis lados subdivididos em nove pequenos quadros e o desafio consiste em embaralhar as peças e depois ordená-las igualando as cores de cada face. A atividade ajuda a entender dilemas matemáticos como geometria espacial, análise combinatória, probabilidade, entre outros. Para resolver o problema do cubo mágico é preciso mexer em poucas peças para não bagunçar as outras, desenvolvendo habilidades de lógica. O cubo tem 43 quintilhões (milhões de milhões de milhões) de combinações possíveis.

Estudante de Engenharia Elétrica do CEFET-MG, Pedro Henrique da Silva Roque. Foto: Arquivo Pessoal

A dedicação de Pedro Henrique ao cubo mágico permitiu alcançar seis primeiros lugares em campeonatos nacionais e internacionais. Recentemente, ele conquistou o primeiro lugar no Arnold Classic South America, o maior evento multiesportivo do mundo, que aconteceu de 21 a 23 de abril, em São Paulo.

“A concentração é algo primordial em um esporte da mente como o cubo mágico. Qualquer desatenção pode custar segundos importantes e que fazem a diferença em campeonatos de alto nível”, afirma Pedro Henrique.

Pedro consegue encaixar as cores nos seus devidos lugares em 8 segundos, em média. O estudante tem vários recordes brasileiros e sulamericanos em modalidades variadas das competições de cubo mágico.

O raciocínio e as fórmulas matemáticas são muito importantes nesse esporte, além dos treinos. “O principal é a lógica, muito desenvolvida durante o aprendizado. Essa lógica, acaba proporcionando melhorias em áreas da matemática”, explica Pedro Henrique.

À procura da felicidade

A história do estudante com o cubo começou aos 13 anos, pela curiosidade, mas a dedicação veio mesmo aos 15, quando buscou métodos mais rápidos, algoritmos e rotinas de treino eficazes. A inspiração veio do filme À procura da felicidade em que aparecem cenas do ator Will Smith resolvendo com rapidez o cubo.

A aparição no filme popularizou ainda mais o cubo mágico. Imagem: Reprodução do filme

Desde 2012, Pedro já participou de 15 competições e conquistou seis primeiros lugares na categoria principal. O universitário destaca o campeonato brasileiro, em 2016, e campeonato no Uruguai, no qual ficou com o segundo lugar na categoria principal.

No campeonato mundial de 2015, Pedro conquistou o 7° lugar.  Ele pretende competir novamente este ano, em Paris. Para isso, está em busca de patrocinadores e incentivadores para a viagem.

Nos campeonatos, os cubistas – como são chamados no Brasil aqueles que se dedicam ao esporte – são desafiados a montar cinco vezes o cubo em cada etapa competitiva. Das cinco resoluções, o melhor e o pior tempo são eliminados, ficando três para formar a média de tempo do competidor. Se o campeonato começa com 100 candidatos, passam da primeira etapa os 30 melhores tempos médios. Depois ficam apenas 16 e, por fim, 8 finalistas. Vence quem mantiver a melhor média nas cinco montagens finais.

Três perguntas para Pedro Henrique:

MFC: Qual é a relação entre matemática e cubo mágico?

Pedro Henrique: Tem a ver com raciocínio lógico. Aprender os caminhos para chegar no resultado. A ideia é estudar antes as resoluções e colocar em pratica. Durante anos, foram desenvolvidos algoritmos para resolução do cubo. Hoje em dia, com a existência desses algoritmos, há softwares que definem movimentos de montagem.

Esses programas criam imagens, como se alguém tivesse embaralhado o cubo e são gerados movimentos para resolver o desafio. O software possibilita a resolução do cubo em 20 movimentos, mas nas competições, a gente resolve em cerca de 50.

Foto: Arquivo Pessoal

Me considero bom em matemática. Desde antes do cubo, já sentia que era bom. A matemática me ajudou a alcançar concentração e raciocínio lógico. O cubo mágico precisa também de determinação. Muita gente começa a aprender, mas não termina. Precisa ter um pouco de paciência no início.

MFC: Existem métodos para montar cubo mágico?

Pedro Henrique: Quando comecei a montar encontrei vídeos de pessoas que montavam, na época, em 10 segundos. Comecei a procurar métodos para fazer como eles. Para resolver, você precisa de uma estratégia ou um caminho a seguir. Não é um movimento aleatório. Meu método consiste em quatro etapas: fazer uma cruz, depois alguns pares e dois algoritmos no final para terminar o cubo. Em cada resolução faço escolhas diferentes em um grupo de 120 algoritmos. Quanto mais algoritmos a gente sabe, menos etapas na resolução.

MFC: Como é sua rotina de treinos?

Pedro Henrique: Se tenho uma competição na semana seguinte, me dedico muito. No fim de abril, teve Arnold Classic South America, por isso treinei entre 3 e 4 horas por dia. Quando não há competição marcada, treino uma hora por dia para não perder a prática e não subir muito meu tempo de montagem. Se fico sem treinar, subo minha média para 10 segundos e isso não é bom.

A Matemática está em tudo

A Matemática está em tudo é o tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2017. Confira aqui no site no Minas Faz Ciência outras matérias sobre o tema e, no fim de maio, a 69ª edição da nossa revista traz reportagens especiais sobre matemática.

 

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Luana Cruz

Doutoranda e mestre em Estudos de Linguagens pelo Cefet-MG. Jornalista graduada pela PUC Minas. É professora em cursos de graduação e pós-graduação na Newton Paiva, PUC Minas, UniBH e ESP-MG. Escreve para os sites Minas Faz Ciência e gerencia conteúdo nas redes sociais, além de colaborar com a revista Minas Faz Ciência.

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