Casca de coco verde para tratar água que contém cobre

Alunas do curso de Engenharia Química da PUC Minas encararam o desafio da pesquisa na universidade e criaram um método alternativo para tratamento de efluentes contendo cobre. Para isso, elas usaram casca de coco verde.

Gabriela Melo, Rafaela Carolina da Silva, Sarah Bosi de Oliveira e Thais Almeida Morais Simões publicaram os resultados do trabalho e venceram um prêmio nacional de melhor artigo na área de gestão ambiental. A premiação será concedida durante o V Simpósio de Engenharia de Produção (V Simep), que acontece entre 24 e 26 de maio, em Joinville (SC).

Foto: Oatsy 40

O professor Leonardo Mitre orientou, junto com outros dois colegas, a pesquisa das alunas. Segundo ele, o cobre é um metal que deriva de muitos processos industriais e os resíduos acabam sendo jogados em rios. Dessa forma, se torna um problema ambiental.

Produção de panelas, atividades mineradoras, indústria de joias e fabricação de fiação elétrica são exemplos alguns dos processos que podem liberar cobre como resíduo.  A presença em excesso desse metal é nociva a todo tipo de vida que existe nos rios.

O cobre está também presente no corpo humano. Participa de metabolização do ferro por enzimas e da formação de elastina e  colágeno, que são proteínas presentes em várias partes do corpo como, por exemplo, os vasos sanguíneos.

“Não é desejável, porém, que o homem faça ingestão de cobre. A indústria tem que controlar a forma como processa e elimina esses metais”, explica o professor. O contato metais pesados, por ingestão da água ou de peixes contaminados, pode provocar disfunções do sistema nervoso e aumento da incidência de câncer.

Foto: Scott Wilcoxson

Procedimentos

Pensando na preservação ambiental, as estudantes trabalharam, no laboratório da universidade, com a remoção do cobre em solução aquosa usando o pó da casca de coco verde ativado com hidróxido de sódio.

“As alunas fracionaram e moeram a casca do coco, depois fizeram um tratamento simples no produto. Colocaram em contato direto com a água contendo resíduo de cobre e observaram que o coco é capaz de aderir ao metal”, explica Mitre.

O coco verde é um material de difícil descarte no meio ambiente, demorando até oito anos para decomposição. É uma biomassa descartada em grande quantidade, pois, segundo a Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa), 300 mL de água de coco geram 1,5 quilos de casca.

Os resultados da pesquisa apontaram que a casca de coco apresenta características apropriadas para o processo de bioadsorção do cobre. “O trabalho desse grupo pode gerar outras pesquisas. É possível estudar a ampliação do procedimento para retirada de mercúrio ou cromo. Colocando a casca de coco em contato, elas conseguiram provar que a casca tem porosidade”, afirma o professor.

Pesquisa na graduação

O trabalho foi desenvolvido dentro da disciplina Trabalhos Acadêmico Integrados, do curso de Engenharia Química. Mitre destaca que as estudantes procuraram o tema e propuseram o projeto.

“Essa disciplina promove desafios porque os alunos se envolvem com projetos passíveis de serem realizados. Não é uma disciplina fácil, no entanto, os universitários ficam motivados”. Conforme o professor, assim como a pesquisa sobre a casca de coco, surgem outras excelentes propostas no curso.

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Luana Cruz

Doutoranda e mestre em Estudos de Linguagens pelo Cefet-MG. Jornalista graduada pela PUC Minas. É professora em cursos de graduação e pós-graduação na Newton Paiva, PUC Minas, UniBH e ESP-MG. Escreve para os sites Minas Faz Ciência e gerencia conteúdo nas redes sociais, além de colaborar com a revista Minas Faz Ciência.

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