As nuvens inspiram músicos, poetas, fotógrafos e pintores. Fazem parte do nosso imaginário quando dizemos que alguém “vive com a cabeça nas nuvens” ou para expressar extrema felicidade: “estou nas nuvens”. Representam até o imenso conjunto de dados virtuais guardados na Internet. Elas nos encantam pela cor branca e aspecto de algodão. Qualquer um é capaz de gastar minutos olhando para o céu tentando imaginar formas e acompanhar movimentos. Além de fascinantes, as nuvens são importantes para equilíbrio da vida humana porque conduzem o ciclo da água e sistemas climáticos. Por isso, inspiram também cientistas e meteorologistas.
As nuvens ficam na camada atmosférica onde está a vida, a chamada troposfera. São formadas de água no estado líquido (gotículas) e sólido (cristais de gelo). No ciclo da água, ocorre a evaporação de rios, lagos e oceanos, além da transpiração das plantas. Esse vapor sai da superfície, se condensa e constitui a nuvem. Esta por sua vez, será importante para filtrar ou controlar a radiação solar que influenciará novo ciclo de evaporação.
Há condições que favorecem a formação de nuvens, como o aquecimento da superfície, presença de montanhas que obrigam o vapor a subir, além do encontro de ar quente e frio responsável por instabilidade atmosférica.
Segundo o meteorologista, Heriberto dos Anjos, do Centro de Climatologia PUC Minas TempoClima, a simples observação das nuvens ajuda a determinar condições de tempo associadas. Por exemplo, a nuvem fica escura em função da intensidade, pois está muito carregada e filtra radiação solar. A luz não passa, o que impede que as gotículas de água reflitam e transpareçam aquela conhecida cor banca de algodão. Esse condição pode indicar chuva e chuvisco ou fenômenos mais devastadores, como tornados.
Pesquisas
De acordo com o diretor do 5º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), doutor Lizandro Gemiacki, apesar de influenciarem tempo e clima, as nuvens são pouco compreendidas numericamente, tanto pelos modelos de previsão do tempo quanto pela ciência.
Com base em observações nas estações meteorológicas, o Inmet consegue desenhar mapas de nuvens e definir os sistemas meteorológicos aos quais elas estão associadas. Também há um esforço para decifrar as nuvens usando satélites. “Elas são essenciais para entender mudanças climáticas e disponibilidade de recursos hídricos. Por isso, o longo dos séculos, inspiram trabalhos científicos”, explica Gemiacki.
O geógrafo e coordenador do Centro de Climatologia PUC Minas TempoClima, Thiago Nadú, considera as nuvens um tema base da meteorologia, que se integra muito com disciplinas das ciências ambientais, por isso ainda é merecedora de muitas pesquisas. “Há um esforço da comunidade cientifica em prol de dados meteorológicos, um trabalho de decifrar a atmosfera e antever fenômenos que muitas vezes impactam nossa vida, como chuvas, tornados e furacões”, relata.
Nadú afirma que as nuvens sempre foram protagonistas na ciência da meteorologia, porque sinalizam os fenômenos mais intensos da natureza. “As pesquisas são voltadas a entender formação, dinâmica e funcionamento das nuvens. Esses estudos são fundamentais para uma sociedade mais segura no ponto de vista de Defesa Civil. Temos pesquisas consolidadas sobre a morfologia, catalogação e classificação, mas ainda há muito a se descobrir na parte da microfísica e dinâmica do sistema formadores de nuvens”
O grande desafio: microfísica das nuvens
Cientistas envolvidos com a microfísica das nuvens são aqueles que pensam em: o que podemos encontrar dentro das nuvens? Estes pesquisadores se dedicam ao estudo de termodinâmica, hidrostática, evaporação versus condensação, misturas de massas de ar, colisão direta e coalescência de gotas, além da influência de aerossóis para entender partículas e reações químicas.
“Um dos grandes desafios para pesquisadores é compreender as interações de energia e matéria dentro das nuvens. É uma parte pesada da meteorologia. Os geógrafos colaboram muito no quesito de associação desse risco potencial com as populações humanas. Todo empreendimento que o ser humano desenvolver na superfície é vulnerável, em certa mediada, aos fenômenos atmosféricos”, explica Thiago Nadú.
Dessa forma, é importante a integração entre geógrafos, biólogos, meteorologistas e engenheiros de energia, todos dedicados a decifrar fenômenos e avisar à população sobre risco de catástrofes.
Atlas internacional
No mês de março é comemorado o Dia Meteorológico Mundial, marco criado em 1950 para celebrar a formalização da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Em 2017, o tema proposto pela OMM foi “Entendendo as Nuvens”, assunto oportuno para lançar o novo Atlas de Nuvens. Esse documento é a referência global para observar e identificar nuvens.
A edição atual inclui novas classificações, detalhes sobre a relação das nuvens com a aviação, além de compreensões sobre fenômenos meteorológicos como arco-íris e neve.
O atlas reúne centenas de imagens enviadas por meteorologistas, fotógrafos e amantes de nuvens de todo o mundo. Usamos algumas dessas lindas imagens aqui no nosso post!
Em breve, o Minas Faz Ciência Infantil vai explicar para as crianças a definição e classificação das nuvens. Vamos mostrar também um guia para observá-las. Acompanhe!