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Audiência e jornalismo em debate

A relação entre jornalismo, jornalistas e audiências está no centro das discussões, na Conferência de 2017 do Ecrea, em Odense, Dinamarca.

Na abertura do encontro, Irene Costera Meijer, professora de jornalismo na VU University, Amsterdã, propôs nova aproximação para o estudo desta complexa conexão, a partir de uma perspectiva que centraliza a audiência e o que o jornalismo significa para ela, ao invés de pensar a maneira como o público interage com a notícia. A pesquisadora denomina esta aproximação de Expressiva, em contraposição a uma visada Instrumental, na qual se baseiam os principais estudos contemporâneos.

Meijer investiga a experiência da audiência com a notícia a partir de quatro perspectivas: informativa, midiática, afetiva e ética.

[quote]“Se a noção de cidadania não está sendo suficiente para explicar a relação da audiência com a notícia, precisamos de novos conceitos. Consideramos que o conceito de Qualidade de Vida expressa melhor do que cidadania o prazer e alegria em torno da experiência de relacionamento com a notícia. Proponho acrescentar Qualidade de Vida aos estudos de jornalismo, como forma de enriquecer nossa visão sobre o que realmente importa na relação com a audiência.”[/quote]

Na relação informativa, a aproximação Expressiva propõe compreender quando uma informação é experienciada enquanto jornalismo, em que momentos isso acontece e o que significa uma relação com a informação que permita um fluxo não intrusivo, inserindo-se nas lógicas de navegação do usuário e não por meio de cliques e links externos à sua rotina.

Na perspectiva midiática, o consumo da notícia deve ir além do estudo do repertório, das preferências e das plataformas acessadas. Deve-se considerar a relação das pessoas com os meios, de um ponto de vista cognitivo, emocional. Por exemplo, a televisão enquanto uma mídia recreacional; o computador, como uma plataforma de trabalho. Também deve-se levar em conta a relação física com os objetos, os rituais de leitura.

Meijer busca compreender ainda o que mobiliza as pessoas no entorno noticioso e defende a possibilidade de construir um jornalismo que emociona, diverte e interessa a audiência, sem perder foco na qualidade. Propõe, inclusive, repensar o que se considera jornalismo de qualidade, a partir do ponto de vista também da audiência e não apenas das considerações de quem produz.

Prazer, apreciação, atenção, excitação, satisfação, são sentimentos relacionados às notícias revelados nas pesquisas conduzidas por Meijer.

Em termos éticos, a pesquisadora considera necessário refletir para além da ética da participação ou valores éticos do jornalismo. Deve-se atentar também para a qualidade ética da experiência com a notícia, levando-se em conta como o jornalista ocupa o tempo das pessoas.

Após a fala de Meijer, seguiram-se doze painéis paralelos, com temas como A Audiência Participante, “Seleção e Distorção das Notícias”, “Os Efeitos da Notícia” e “Notícia e cidadania”. A programação completa pode ser acessada no site do evento, que termina nesta sexta-feira.

Perfil

Irene Costera Meijer (1956) é professora de Estudos de Jornalismo na VU University de Amesterdã. É membro do conselho de administração do grupo de pesquisa Linguagem, Cognição e Comunicação e chefe do departamento de Estudos de Jornalismo. Já realizou mais de 40 projetos de pesquisa de audiência  em larga escala para organizações de mídia. Seu livro The Future of News (2006) foi eleito o melhor livro em língua holandesa sobre jornalismo em dez anos, em 2008.

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