O que é Divulgação Científica?
De acordo com um estudioso francês da ciência, Bruno Latour, falar sobre ciência não é fácil, porque ela é planejada para excluir a maioria das pessoas logo de cara.
Para divulgar ciência o profissional deve entender que o seu papel vai além da tradução da linguagem científica para uma linguagem de leigos. Para Yurij Castelfranch não basta informar, “comunicar a ciência jornalisticamente implica comunicar de forma crítica, situada, contextual, rigorosa” (CASTELFRANCHI, 2007 p. 17).
Yurij acredita que, além de comunicar fatos científicos, o jornalista deve entender e tratar do contexto em que a ciência é gerada e usada. Deve ir além dos números e resultados fantásticos.
Bruno Latour também partilha dessa visão e defende que os jornalistas devem explicar aos leitores que a ciência é feita de processos longos. Processos que envolvem uma diversidade enorme de pessoas e não apenas alguns cientistas dotados de capacidades sobre-humanas.
Assim, a tarefa do jornalista de ciência é forjar sínteses e criar uma relação entre a realidade do leitor e a realidade da ciência, processo que exige esforço e amor pelo conhecimento. Portanto, para escrever sobre ciência é preciso gostar de ciência, em primeiro lugar.
A Divulgação Científica
Conversamos com Laura Alice da Silva, pesquisadora mestre em Comunicação, que estudou as estratégias discursivas para divulgação da ciência nas revistas Minas Faz Ciência e Pesquisa FAPESP, revistas das Fundações de Amparo à Pesquisa e Minas Gerais e São Paulo, respectivamente.
De acordo com Laura, “a grande conclusão da pesquisa é que a divulgação científica dessas revistas pode impactar positivamente no processo de inovação tecnológica e também funcionar como um portfólio de tecnologias”, afirma.
De acordo com Laura, essas revistas funcionam também como um duplo processo de prestação de contas das Instituições. Por um lado, as universidades fornecem informações sobre as pesquisas como forma de prestar contas para as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAP) e as FAP prestam contas à sociedade sobres os investimentos de recursos públicos em Ciência e Tecnologia.
Dentre as conclusões da pesquisa, Laura aponta que as duas revistas apresentam estratégias muito distintas. Por exemplo, na Minas Faz Ciência predominam reportagens sobre as áreas de ciências “Humanas” e “Ciências Sociais Aplicadas” e, na Revista Fapesp, “Exatas e da Terra” e “Humanas”. Já os públicos das revistas são a sociedade comum e leitores especializados, respectivamente.
Divulgando ciência na Internet
No campo científico, lidamos com assuntos de conhecimento muito específico e, geralmente, de difícil visualização e associação. Por isso, não basta apenas explicar os métodos científicos com uma linguagem simplificada. Espera-se que os profissionais tragam o assunto para o cotidiano do leitor e consigam mostrar as possíveis implicações de uma determinada descoberta científica na vida da população. Uso de metáforas, substituição de termos científicos e comparações com a vida diária são essenciais em reportagens com esse fim.
Quando se trata de melhorar a visualização, a internet pode se tornar uma importante aliada dos Divulgadores. Os infográficos podem se tornar interativos e serem associados a vídeos, áudios e animações, de modo a facilitar ainda mais o entendimento do leitor. Cabe aos profissionais saber usufruir das possibilidades que ela oferece.