A luz polui e interfere na vida e no ecossistema como um todo
A luz artificial incomoda. Basta tentarmos dormir com a luz acesa ou ler uma placa enquanto o farol de um carro vem em nossa direção. Os problemas causados pela luz artificial têm despertado o interesse de cientistas e pesquisadores do mundo inteiro. e de várias áreas do conhecimento.
Nova atlas da poluição luminosa
Trabalho conduzido pelo pesquisador Fabio Falchi do Instituto Italiano de Ciência e Tecnologia de Poluição Luminosa (ISTIL), em parceria com pesquisadores da Itália, Alemanha, EUA e Israel, resultou em um Novo Mapa Mundi da Luminosidade Artificial.
O atlas documenta um mundo que está repleto de luz em muitos lugares. Na Europa Ocidental, por exemplo, apenas o céu noturno de pequenas áreas permanece relativamente não poluído, incluindo regiões na Escócia, Suécia, Noruega e partes da Espanha e Áustria.
Além do mapa mundi, os cientistas também reuniram dados que mostram a área de cada país e que fração da população que vive sob céus poluídos.
Os autores examinaram especificamente os países do G20, e concluíram que, em termos de área, Itália e Coreia do Sul estão em destaque em tamanho de áreas poluídas, e Canadá e Austrália como menos poluição relativa. A pesquisa mostra que moradores da Índia e Alemanha têm maiores chances de ver a Via Láctea a partir de casa, enquanto os da Arábia Saudita e Coreia do Sul têm menos.
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Impactos ambientais
A luz artificial também impacta na vida dos animais de outras formas. No meio ambiente, a iluminação excessiva afeta os ciclos migratórios, alimentares e reprodutivos de diversas espécies.
A iluminação pode causar a desorientação de organismos que dependem de um ambiente escuro para se locomoverem.
Um dos exemplos mais conhecidos é os dos filhotes de tartarugas marinhas. Ao sairem dos ninhos feitos nas areais nas praias, os filhotes se deslocam de ambientes escuros (do meio das vegetações rasteiras) em direção ao oceano (mais claro).
Quando há luzes artificiais, os filhotes não conseguem diferenciar os ambientes e acabam se arriscando ao moverem-se em direção à luz.
De acordo com pesquisadores da USP, a luz artificial perto de áreas de vegetação tem atraído insetos e contribuído para a disseminação de doenças como leishmaniose e malária (Veja mais aqui). Além disso, a iluminação dificulta as pesquisas dos astrônomos, pois diminui a visibilidade do céu.
Luz e a insônia
A melatonina é um hormônio secretado pela glândula pineal nos vertebrados, conhecida por regular o sono. Os mecanismos sensíveis à luz, presentes na retina, e a glândula pineal são os responsáveis por elaborar esse hormônio a partir da síntese daserotonina.
Sua fabricação depende das condições fossensíveis do ambiente externo: ou seja, ela não é produzida quando há muita luminosidade.
Essa glândula participa da estruturação da rotina do corpo definindo, por exemplo, períodos de sono e vigília, atividade e repouso, além de regulamentar a produção hormonal e o equilíbrio do sistema imunológico (de defesa do organismo).
Dessa forma, o excesso de luminosidade leva a uma baixa produção de melatonina e, consequentemente, a uma desregulação das atividades biológicas. Inclusive nos humanos.
A luminosidade excessiva é tão incômoda que tem sido usada há décadas como forma de forçar prisioneiros a confessarem. Um dos métodos usados pelo sistema secreto dos Estados Unidos (FBI) é o chamado “Quarto branco”, que consiste em deixar a pessoa presa em um quarto todo branco e iluminado durante 24 horas por dia. É impossível suportar.
Quer ver como a luz influencia no sono? Faça um teste. Fique alguns dias sem acessar o celular ou o computador antes de dormir e veja como terá noites de sono mais tranquilas.