Somos acostumados a separar os assuntos do nosso cotidiano em grandes grupos temáticos. Desde a escola, aprendemos a estuda-los como se pertencessem unicamente a uma determinada disciplina: o que é relacionado aos seres vivos é estudado na aula de biologia; os fenômenos físicos são estudados pelas leis da física; os políticos lidam com questões políticas e assim por diante.
Mas como definir os limites entre uma e outra disciplina quando tratamos de temas complexos como energia nuclear, por exemplo, ou biotecnologia? A que área devemos recorrer para entender sobre o dilema da produção de células tronco em laboratório para desenvolvimento de pesquisas científicas? Por que esses e outros assuntos científicos estão presentes nas discussões do Congresso e no âmbito legislativo?
A separação dos temas por área do conhecimento serve para organizá-los e distribui-los, por exemplo, dentro de uma Universidade. Essa categorização é essencial para que os estudos se desenvolvam, mas não pode engessar nossa visão sobre os fenômenos. Os acontecimentos não são puramente físicos ou químicos, mas compostos por dinâmicas variadas – inclusive sociais. A produção de um novo aparelho celular envolve questões ligadas às disciplinas “duras”, como física e química, mas também envolve questões das humanidades – a quem essa produção ira afetar, é uma produção que respeita as leis do país? – e biológicas – os componentes são tóxicos ou causam algum efeito colateral no seu uso?
Uma nova proposta
O Programa de Doutorado em Inovação Tecnológica e Biofarmacêutica da UFMG surge com a proposta de formar profissionais que sejam capazes de contribuir para a compreensão dos processos de inovação de forma abrangente. “Não existe um perfil para o estudante desse programa”, afirma o professor Ado Jório, do Departamento de Física da UFMG, e que compõe o quadro de professores do programa. “O Doutorado em Inovação terá gente de todos os perfis. Os estudantes serão selecionados com base em seu currículo e projeto. O que irá pesar será a qualidade, o grau de inovação da proposta, dentre outros”, completa o professor Ado Jório.
“No meu entendimento, o conhecimento está evoluindo para uma integração entre as diversas áreas. Não só em inovação, mas em qualquer disciplina, mesmo as mais puras e básicas, como a física, área na qual eu atuo”, afirma o professor.
Histórico
A pós-graduação em Inovação foi idealizada desatrelada de uma Unidade Acadêmica, agregando professores de quase todas as áreas da Universidade. Porém, devido à necessidade de estruturação de gestão, secretarias e laboratórios de ensino, foi preciso alocá-la em uma Unidade específica. “Tentou-se atrelar o curso à Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica da UFMG (CTIT). Mas não se trata de uma Unidade e a CTIT não tem estrutura de ensino ou mesmo a atribuição de conferir diploma”, explica Ado Jório. A solução encontrada foi criar um Mestrado Profissional em Inovação Biofarmacêutica, atrelado ao Instituto de Ciências Biológicas. O curso evoluiu para o Mestrado Profissional em Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual, e o atual Doutorado em Inovação Tecológica e Biofarmacêutica representa mais um passo nessa construção. “O curso ainda está atrelado ao ICB e nasce com duas linhas apenas. Vislumbramos que novas linhas serão acrescidas com a evolução desta construção”, conta o professor.
O edital de seleção para preenchimento de 15 vagas no Programa de Doutorado em Inovação Tecnológica e Biofarmacêutica está aberto e contempla as duas áreas de concentração: “Inovação Biofarmacêutica e Biotecnológica” e “Gestão da Informação, Propriedade Intelectual e Empreendedorismo”. Os candidatos têm até o dia 17 de junho para fazer a inscrição na secretaria do curso ou pelos Correios. Mais informações no edital (http://bit.ly/1YD8Lgi) ou na secretaria que fica no Departamento de Química do ICEx, sala 108, Campus Pampulha. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h.