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Belo Horizonte inaugurou na última terça-feira, 10 de novembro, a SUNEW, considerada a mais moderna fábrica do mundo para produção de filmes plásticos orgânicos – os chamados módulos OPV (Organic Photovoltaics) ou painéis fotovoltaicos, um material plástico, versátil, orgânico e adaptável a diferentes usos, que é capaz de converter a energia solar em elétrica.

Fruto de uma iniciativa da filial brasileira do Centre Suice d’Electronique et Microtechnique (CSEM), um centro de pesquisa aplicada fundado em 2006 na capital mineira, a SUNEW deu início às atividades-piloto para o desenvolvimento dos painéis solares inteligentes, capazes de se integrar nas cidades e multiplicar o potencial da energia solar e da eletrônica orgânica no Brasil e no mundo.

Tiago Maranhão Alves, CEO do CSEM Brasil, apresenta o material da Sunew no evento de inauguração (Divulgação)
Tiago Maranhão Alves, CEO do CSEM Brasil, apresenta o material da Sunew no evento de inauguração (Divulgação)

“O painel fotovoltaico orgânico, ou OPV, da sigla em inglês, é um painel solar leve, flexível e que ainda tem um grau maior de transparência. É uma tecnologia nova, que tem menos de 20 anos, mas pode revolucionar o mercado de fotovoltaicos em todo o mundo”, explica Vinicius Ramos Zanchin, gerente de produção da Sunew. Vinicius integra o projeto há quase 4 anos e reconhece o valor do investimento na evolução das pesquisas, que contou com financiamento da Fapemig: “Começamos do zero, com um laboratório de cerca de 50 m2, e hoje temos toda a linha de produção aqui na fábrica. Foi uma evolução enorme e é muito bom ver uma empresa de tecnologia conseguir fazer isso no Brasil”.

Durante a inauguração, Vinicius Zanchin também comentou sobre as aplicações possíveis para os módulos OPV: “A ideia inicial é vender para consumidores intermediários: a gente vende para uma fábrica, que distribui para o consumidor final. Mas, com certeza, esses painéis serão vistos em carros, em fachadas de prédios, casas, de modo que farão parte do dia a dia das pessoas”. As placas solares produzem energia limpa e eficiente, além de poderem ser utilizadas de maneira complementar a outras tecnologias, como em represas, a fim de ampliar a capacidade da produção de energia: “É um modelo que une a energia do sol ao potencial das hidrelétricas, por exemplo”.

Dentre as vantagens do material, estão o baixo custo, a leveza, o grau de transparência e o baixo impacto ambiental, além de consumo inferior de energia (comparado à tecnologia tradicional, de silício).

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CSEM Brasil apresenta a SUNEW (energia solar orgânica) from CSEM Brasil on Vimeo.

O empreendimento é uma realização da CSEM Brasil em sociedade com o BNDESPar, FIR Capital, Tradener e CMU Energia. A estrutura tecnológica é única, comparável apenas à capacidade produtiva de países da Europa e o Japão. A inauguração da fábrica em Belo Horizonte potencializa a participação do Brasil no mercado tecnológico de energia solar fotovoltaica, que prevê crescimento médio de 10,5% nos próximos cinco anos, segundo estudo da IHS Consultoria.

A empresa recebeu, aproximadamente, R$ 100 milhões em investimentos, sendo uma das líderes globais no segmento. Todo o desenvolvimento científico da tecnologia foi feito no Brasil, em uma das mais modernas infraestruturas de eletrônica orgânica do mundo. O projeto conta com a participação de pesquisadores e profissionais de prestígio internacional, de mais de 10 nacionalidades.

Confira a galeria de imagens do interior da fábrica Sunew:

Para David Travessos, CEO da FIR Capital, uma das sócias do empreendimento, a inauguração da fábrica é um exemplo positivo de como o Brasil pode ser pioneiro em iniciativas de inovação com alto cunho intelectual e forte relação com a pesquisa científica: “Há um componente de montagem do negócio e desenvolvimento de produtos e processos que vai muita além do que tradicionalmente se encontra no modelo de inovação brasileiro e de instituições públicas de pesquisa e fomento, como a Fapemig. O grande mérito desse projeto foi termos sido capazes de atrair investimentos para uma iniciativa tão ousada e pioneira, o que nos permitiu trazer parceiros e profissionais para iniciar esse empreendimento em Minas Gerais”.

Sobre os desafios para os próximos anos, Travessos destaca a necessidade de agregar novos parceiros ao processo: “O desenvolvimento das moléculas, principalmente, ainda está em um estágio inicial. Tem gente no mundo inteiro pesquisando isso, mas gostaríamos de incentivar e estimular os pesquisadores brasileiros que estejam trabalhando no campo da nanotecnologia para que possam desenvolver moléculas, componentes e processos complementares. As portas estão abertas para trabalharmos em cooperação com as universidades e institutos de pesquisa do estado e do país”, conclui.

Verônica Soares

Jornalista de ciências, professora de comunicação, pesquisadora da divulgação científica.

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