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Inovação para o controle de energia e água

Um dos vencedores do concurso EDP de Inovação 2020, o projeto do professor Moisés Vidal Ribeiro, da Universidade Federal de Juiz de Fora, tem por objetivo o controle de energia e água para benefício tanto dos consumidores, quando das fornecedoras.

O protótipo da tecnologia, de baixo-custo, propõe a utilização dos cabos de energia elétrica e do ar (comunicação sem fio) com garantia da segurança dos dados. “Para que se o consumo de água e energia seja adequado, o sistema de telecomunicações tem que ser muito eficiente”, observa o pesquisador, que é doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas.

Otimizar a comunicação de forma confiável e com baixo-custo

Na prática, a tecnologia desenvolvida por ele e por sua equipe, que inclui os pesquisadores Fabrício Pablo Virgínio de Campos e Diogo Fernandes, permitiria, por exemplo, que as empresas monitorassem o consumo de energia de uma residência por meio de um sistema que estaria vinculado à estrutura de cabeamento já existente. “Nossa proposta é, por meio da inovação, combinar informações de forma eficiente. A tecnologia pode ser usada pelas concecionárias para monitorar de forma adequada o consumo e também reduzir os excessos”. O mesmo valeria para as concecionárias de água. O sistema também permite o gerenciamento de sistemas de iluminação pública.

A iniciativa surgiu por meio da Smarti9, empresa incubada pelo Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt) e administrada pela equipe. Fundada em 2012, a Smarti9 é uma spinoff que desenvolve soluções em sistemas Power Line Communication (PLC) para redes inteligentes de comunicação. A empresa é resultado da experiência adquirida por seus sócios ao longo dos últimos 12 anos no ramo de pesquisa e desenvolvimento para o setor de telecomunicações.

Os professores, que já se conheciam pelo doutorado antes da iniciativa, convidaram Fernandes, que é orientando de Ribeiro no mestrado, para integrar o grupo e darem início às atividades. Com a possibilidade de industrialização dos sistemas desenvolvidos e o suporte do Critt, os três profissionais instituíram, ainda, o único laboratório especializado para ações de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação relacionadas à tecnologia PLC da América Latina, instalado na UFJF.

Em todo o planeta, não existe sistema semelhante em funcionamento, o que faz do projeto uma inovação em nível mundial. O professor já liderou outros projetos inovadores, como o uso da rede de energia elétrica para levar internet à casa das pessoas, que foi pauta do programa Como Será?Clique aqui e confira a reportagem.

Inovação requer diálogo com a indústria

Parte deste projeto já havia ficado em primeiro lugar na edição 2014 da competição de inovação Idea to Product Global (I2P). De acordo com o professor, a proposta desta vez foi além. “Há cerca de um ano envolvemos, também, o controle do consumo de água e já estamos na etapa de finalização, o que nos permitiu e incentivou a apresentá-lo ao mercado, rompendo as barreiras do universo acadêmico, expondo os frutíferos resultados de uma parceria entre o setor privado e uma instituição pública.”

O projeto vencedor do I2P Global 2014. (Foto: Stefânia Sangi / Reprodução UFJF)
O projeto vencedor do I2P Global 2014. (Foto: Stefânia Sangi / Reprodução UFJF)

Moisés Ribeiro, que tem vasta experiência em laboratórios internacionais, acredita que é preciso mobilizar a comunidade acadêmica brasileira e também os grandes empresários para que o diálogo entre a indústria e os centros de pesquisa traga melhores resultados e mais inovação para o país.

“Muitos pesquisadores não se debruçam sobre os problemas do cenário brasileiro. Nosso olhar de pesquisador muitas vezes é externo, busca soluções que, embora importantes, são mais adequadas na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo. Às vezes, a pesquisa brasileira se esquece de resolver um problema que é nosso, específico das nossas demandas, onde nós teríamos condições de, efetivamente, estar na fronteira do conhecimento”.

Suas experiências de visitas a países como os Estados Unidos, a Coreia e a Alemanha apontam também para a necessidade de financiamentos de origem privada para a pesquisa nacional:

“Na área de engenharia, é impossível pensar em fazer pesquisa sem ter um contato com a indústria, sem saber da sociedade organizada quais são suas demandas e o que podemos fazer para contribuir. Se não houver essa interação para melhorar os produtos e desenvolver novas soluções, a indústria brasileira fica para trás. É uma competição, não há segredo nisso. Melhorar a indústria é melhorar nossa competitividade, é a garantia de postos de emprego em nosso país”.

Para o professor, o caminho para aumentar os projetos inovadores no Brasil está na melhor integração entre os sistemas de fomento e no desenvolvimento de novos produtos em conjunto: “Ao enxergar os problemas que temos no Brasil, ou até mesmo na América Latina, passamos a enxergar oportunidades para desenvolver inovações”.

Com informações da Assessoria de Comunicação da UFJF.

Verônica Soares

Jornalista de ciências, professora de comunicação, pesquisadora da divulgação científica.

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