Quando era criança, Mateus Oliveira, 22 anos, não sonhava em ser cientista e nunca imaginou que um dia estaria trabalhando em um projeto espacial patrocinado pela Nasa, a agência espacial americana. Mas é no Laboratório de Sistemas Espaciais da Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos, que o estudante de Engenharia Aeroespacial da UFMG está se descobrindo como pesquisador.
Desde junho de 2014, Mateus faz parte do Projeto Rascal, que pretende desenvolver duas pequenas naves espaciais para operações de observação situacional no espaço. Rascal foi escolhida pela Nasa para voar em 2016.
O estudante passou a integrar a equipe do Laboratório depois de participar da disciplina ministrada pelo diretor da equipe, o professor Michael Swartwout, doutor em Aeronáutica e Astronáutica pela Universidade de Stanford. Na UFMG, Mateus integrou por dois anos o time de Aerodesign da Universidade.
Como funciona o Projeto Rascal?
A Nasa seleciona os melhores projetos do país para serem lançados no espaço por meio de seu programa educacional de nanossatélites (ELaNa). O Rascal foi selecionado no ano passado e, desde então, vem sendo submetido a uma maratona de testes e a um extenso processo de documentação
“Após o lançamento, uma nave vai sincronizar com a outra e, dessa forma, obteremos parâmetros de distância e velocidade que, posteriormente, serão processados e deverão contribuir para aprimorar manobras no espaço”, explica o estudante.
Espera-se, com isso, facilitar futuras missões espaciais e contribuir para a manutenção da Estação Espacial Internacional. “Os satélites artificiais têm muitas funções, mas, no geral, são destinados a telecomunicações, como transmissão de sinais de rádio e TV e ligações telefônicas. Os satélites também são utilizados para estudar mudanças climáticas, mapear regiões e observar a Terra e o espaço”, complementa. No projeto, o estudante participa da construção, realização de testes e documentação.
Como faço para participar de um projeto internacional?
A ida de Mateus Oliveira para os EUA foi viabilizada por meio do Programa Ciência sem Fronteiras. Ele não estará presente para acompanhar o lançamento do projeto, previsto para 2016, pois retorna ao Brasil no segundo semestre de 2015.
Para os estudantes que ficaram interessados em passar por uma experiência semelhante, Mateus dá algumas dicas:
- “Uma importante dica é aprender inglês. A maioria da bibliografia utilizada no meio científico é em inglês”.
- “Outra dica é aproveitar as oportunidades que surgirem, se esforçar, se envolver com o projeto, dar o seu melhor”.
- “Uma dica para os que desejam participar de programas de pesquisa no exterior é se inscrever no Ciência sem Fronteiras, uma excelente oportunidade para os estudantes brasileiros”.
Em depoimento ao blog Minas Faz Ciência, o estudante falou também sobre as diferenças que observou entre os modelos de ensino e pesquisa no Brasil e nos Estados Unidos, e das contribuições que o intercâmbio trouxe para sua vida pessoal e profissional:
Através do Ciência sem Fronteiras eu obtive um grande crescimento profissional, tive oportunidade de cursar disciplinas que não são disponibizadas na UFMG, conheci diferentes didáticas de professores e estou envolvido em projetos que têm aprimorado minha qualificação profissional e científica. Durante meu intercâmbio tenho aprendido bastante sobre diferentes áreas, como design de aeronaves, programação, análise estrutural, CubeSat Missions , etc. Hoje em dia me sinto mais preparado e qualificado para seguir minha trajetória e ótimas oportunidades têm surgido.