Compartilhar para avançar
A queda dos investimentos governamentais em pesquisa científica é um fenômeno que vem ocorrendo em diversos países. Atrelado a isso, têm sido criados diversos mecanismos que buscam mensurar o retorno dos investimentos feitos, tendo em vista os resultados obtidos com as pesquisas. Por trás desse movimento, está a busca pela eficiência e produtividade.
Tomando por base esse contexto, pesquisadores do Reino Unido realizaram um estudo que apontou para o papel duplo das ferramentas e dispositivos que permeiam a prática científica contemporânea: ao mesmo tempo em que dispor de tais equipamentos torna-se algo que eleva sobremaneira os custos da pesquisa, são eles, em grande medida, os responsáveis por otimizar a produção científica.
Diante dessa constatação, os pesquisadores destacaram o fato de ser justamente nos equipamentos onde reside a possível solução da questão. Bom, não nos equipamentos em si, mas na forma como eles são utilizados: nesse caso, a palavra de ordem é compartilhar.
De acordo com o relatório, compartilhar pode até assegurar a inovação – do ponto de vista de se ter os artefatos mais avançados para realizar determinados estudos – já que o investimento conjunto diminui os custos com a compra e manutenção de equipamentos.
No entanto, nada é tão simples, afinal, no compartilhar estão implicadas muitas questões que vão desde aquelas mais pragmáticas, como a organização das demandas de trabalho de equipes distintas, até outras mais subjetivas, como confiança, relacionamentos, vaidades, disputas.
Dessa forma, concluem os pesquisadores:
“(…) precisamos ser capazes de medir o quanto (e como) a partilha está acontecendo, caso haja o objetivo de encorajar essa prática no futuro. Há um desafio de gestão, mas os benefícios reais também exigem uma mudança cultural, que caminhe da competição para uma maior cooperação.” Georghiou & Jackson.
Para quem se interessou pelo tema, o relatório completo da N8 Research Partnership está disponível: Raising the Return – benefits and opportunities from sharing research equipment.
*Luke Georghiou e Sarah Jackson em texto publicado no Guardian, dia 5 de março de 2015.
Compartilhe nas redes sociais Tags: ciência, compartilhar, equipamentos, Inovação, parceria, Tecnologias
Interessante o artigo, principalmente depois que vi uma notícia no ano passado sobra uma intenção do governo mineiro de reverter recursos originalmente direcionados à FAPEMIG, para a EPAMIG. (confesso que não acompanhei o resultado.)
Realmente me aguça a curiosidade saber qual é o parâmetro para valorar uma pesquisa. É um ganho financeiro? porque o Estado não tem que dar lucro, mas precisa de dinheiro para funcionar.
Qual seria a “moeda” de classificação de uma pesquisa? relevância humanitária?
Acho difícil demais como leiga chegar a esse resultado prático.
Enfim, só uma opinião de uma pessoa comum.
Sobre a pesquisa do Reino Unido, para mim o compartilhamento é um avanço humano. É em grupo que avançamos evolutivamente. Dividir é crescer, e aprender as regras de um jogo, ser mais humilde e caridoso, é ser melhor também, em qualquer área.
Para mim, essa conclusão a que chegou, mesmo não sendo nada simples, é sinal crasso de uma nova (velha) fórmula de vida. E que viva a convivência nas diferenças.