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A revolução silenciosa dos laboratórios de pesquisa independentes

Laboratórios independentes, ou no estilo “Faça-você-mesmo”, apresentam uma boa alternativa às pesquisas realizadas em Universidades.

glass laboratory flasksA afirmativa pode ser polêmica, mas abre espaço para uma importante discussão sobre quem detém o poder de fazer ciência em todo o mundo. Essa ideia é defendida por Amber Griffiths em artigo publicado no jornal inglês The Guardian, no qual trata de uma tendência já observada em países do hemisfério norte, onde as pesquisas não são, necessariamente, financiadas pelo governo.

Os chamados laboratórios independentes têm, entre suas principais vantagens, a flexibilidade e a redução da burocracia pela qual passam a maior parte das pesquisas realizadas em universidades e centros de pesquisa.

Segundo a autora, observa-se uma revolução silenciosa que produz conhecimento fora das tradicionais instituições de pesquisa que ainda são pautadas pelas métricas de publicações e pela árdua busca de recursos e financiamentos – baseados em interesses específicos de grupos políticos, por exemplo. Em uma era de mudanças globais cada vez mais rápidas, a produção do conhecimento científico também precisa se renovar. Griffiths questiona: “seriam as universidades os melhores lugares para as pesquisas inovadoras“?

Os laboratórios independentes não são descolados da realidade: muitas vezes surgem na mesma lógica das start ups, criados como organizações destinadas a temas bem específicos: conservação ambiental ou exploração espacial. Já aqueles baseados na filosofia do “faça-você-mesmo” geralmente seguem princípios da ciência aberta (conforme já falamos neste post), e buscam a popularização do fazer científico, ampliando o acesso da comunidade leiga ao treinamento científico.

Para saber mais sobre a ciência aberta, clique aqui.

Há uma questão latente a se considerar: a credibilidade das pesquisas e resultados obtidos fora dos espaços tradicionais da produção científica. Os dois modelos independentes trazem alternativas que merecem atenção, mesmo no Brasil, em que a maior parte das pesquisas é financiada por órgãos públicos. O movimento da ciência livre e dos laboratórios independentes pode sugerir a necessidade de revisão de uma lógica arraigada na ciência tradicional e no descontentamento de parte da comunidade científica com esses processos.

Leia o artigo que deu origem a este post, em inglês, no The Guardian.

Verônica Soares

Jornalista de ciências, professora de comunicação, pesquisadora da divulgação científica.

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