Um diálogo entre a arte e a ciência. Assim pode ser caracterizado o trabalho da fotógrafa Rose-Lynn Fisher. Através da fotografia, ela busca explorar os limites entre o microscópico, o cultural e o metafórico, levando o sujeito que observa suas fotos a vislumbrar aspectos inusitados de seres, objetos e fenômenos relativamente conhecidos. Em linhas gerais, ela afirma que o objetivo do seu trabalho é mostrar que, em termos visuais, tudo aquilo que observamos é apenas a ponta do iceberg.
Em 2010, Rose-Lynn publicava o livro “Bee”, no qual exibia 60 imagens surpreendentes de abelhas, obtidas a partir de um microscópio eletrônico de varredura. Com ampliações que vão de 10 a 5.000 vezes, a incrível anatomia desse inseto é revelada, exibindo padrões, formas e estruturas quase arquitetônicas.
Atualmente, seu trabalho “The Topography of Tears” explora as lágrimas. Rose-lynn conta que, motivada por um período turbulento, no qual deixou correr muitas lágrimas, ela decidiu fotografar as gotas sob o microscópio. E o resultado obtido foi surpreendente. Além das imagens incríveis, cada lágrima derramada por determinado sentimento, emoção ou situação gerava um tipo de forma. Lágrimas de tristeza, alegria, gratidão e até de cortar cebolas criavam desenhos diferenciados.
Em entrevista concedida ao Smithsonian.com, Rose-Lynn reflete sobre o papel das lágrimas, presentes em momentos distintos, que vão desde os mais implacáveis, como a morte, até os mais ordinários, como picar cebolas. “As lágrimas são a expressão de nossa linguagem mais primitiva. É como se cada uma das nossas lágrimas carregasse um microcosmo da experiência humana coletiva, como uma gota do oceano.”
As imagens geradas pela fotógrafa, apesar de não terem uma pretensão científica, acabam por se configurar em um rico material empírico que suscita perguntas e inquietações entre leigos e especialistas.