Quando você lê a palavra “cientista” ou “pesquisador“, que imagem lhe vem à mente?
Talvez a maioria das pessoas ainda pense em homens brancos, com jalecos, manipulando substâncias em seus laboratórios. Mas a conferencista do PCST, Elizabeth Rasekoala, trouxe à tona durante sua apresentação na plenária “Inclusão social, engajamento político e Comunicação da Ciência” uma questão que merece reflexão:
“Quero que todas as meninas negras olhem para mim e entendam que essa é a imagem de um engenheiro químico“, afirmou, fazendo referência à sua condição de mulher, negra, africana e pesquisadora.
Liz Rasekoala é diretora executiva da Rede Africano-Caribenha para a Ciência e Tecnologia (ACNST) e trabalha pela inclusão social através da comunicação científica.
Liz falou sobre a “Torre de Marfim”, que não deve mais ser “pale and male“, ou seja, formada exclusivamente por homens e brancos. Defendeu a necessidade de empoderamento local dos cidadãos comuns, para que tenham não só acesso, mas intimidade com os temas científicos – e, para isso, acredita que um sorriso pode funcionar mais do que um artigo científico.
Um dos desafios enfrentados no processo pode estar relacionados não apenas à relação que os cidadãos desenvolvem com a Ciência, mas com a própria linguagem. Como exemplo, Liz citou que há idiomas na África que não possuem palavras equivalentes para as partes do corpo relacionadas aos órgãos sexuais. Como, então, realizar um trabalho de comunicação científica sobre HIV e outras DSTs? É preciso inovar e superar obstáculos que impedem a inclusão e vão além das relações de gênero.
As declarações da conferencista tiveram repercussão nas mídias sociais durante a primeira plenária do PCST, que foi realizada na manhã de ontem, terça-feira, 6 de maio. No Twitter, diversos participantes do evento concordaram com a afirmativa e a necessidade de promover e destacar a presença das mulheres na Ciência.
Ao mesmo tempo em que diversos participantes sentiram-se inspirados pela fala de Liz, outros chamaram atenção para o fato de que o conceito “Mulheres na Ciência” pode, muitas vezes, ser parte de um discurso político que acaba transformando a atividade da mulher cientista em um gueto e não permite o real empoderamento feminino. Qual sua opinião a respeito? Deixe nos comentários!
Liz Rasekoala vê a ciência como ferramenta de inclusão e apaziguadora de conflitos – Leia mais na Revista Eletrônica Com Ciência.
O evento termina nesta quinta-feira, 8 de maio, e você pode acompanhar informações em tempo real nas mídias sociais pela hashtag #PCST2014 ou no blog de cobertura colaborativa.
Confira também algumas fotos.