Grupo da UFV desenvolve pesquisas voltadas à conservação deste e de outros grandes felinos brasileiros, como a jaguatirica
Conhecida também como puma ou suçuarana, a onça parda é o segundo maior felídeo da região neotropical, que compreende desde a América Central até a América do Sul. O animal chega a medir mais de um metro de comprimento, sendo menor apenas do que a onça pintada. É um dos melhores saltadores entre os felinos. Uma de suas principais características é a capacidade de adaptação aos diversos habitats, o que faz com que a onça parda tenha ampla distribuição territorial, podendo ser encontrada em diferentes países. Esta espécie pode estar presente em vários tipos de biomas, entre eles o Cerrado, um dos mais ameaçados do mundo.
Esta realidade fez com que pesquisadores do Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa (UFV) iniciassem um estudo a fim de contribuir para o manejo e conservação deste animal, e como conseqüência, colaborar para integridade biológica da região. O projeto foi tema da Edição nº35 da Minas Faz Ciência, publicada em 2008. Agora, além da onça parda, o grupo investiga a conservação de outros grandes felinos, como a jaguatirica. “Nessa pesquisa, além do estudo da saúde, comportamento territorial, densidade da população dos felinos e de suas espécies presas, realizamos o levantamento das possíveis doenças transmitidas entre animais silvestres e animais domésticos residentes no entorno do parque. Somos o primeiro projeto, em Minas Gerais, a utilizar cão treinado para coletar fezes dos felinos para análise. As amostras coletadas estão sendo utilizadas para avaliação genética da população dessas espécies através do DNA fecal”, explica o coordenador do projeto, Tarcízio Antônio Rego.
Paralelamente ao trabalho de campo, o grupo realiza em cativeiro pesquisas com sêmen de felinos silvestres, visando o uso de novas metodologias para avaliar a fertilidade dos espermatozoides dessas espécies.
Outra vertente importante do projeto diz respeito à educação e conscientização da população. “A predação de animais domésticos por onças pardas gera medo nas comunidades do entorno do Parque e antipatia dos produtores rurais, quanto à preservação desses animais. Por isso, implementamos o trabalho de educação ambiental nas escolas do entorno do PESB, principalmente nas Escolas Família Agrícola (EFA), onde os alunos são filhos de produtores rurais e recebem uma educação voltada ao campo”, explica o coordenador. Outra forma de conscientizar os produtores rurais e também minimizar as perdas econômicas devido á predação é o Programa de Assistência Técnica a Produtores.
A equipe de assistência técnica é formada por profissionais de veterinária e agronomia, um técnico em agropecuária, além de bolsistas de graduação em veterinária e zootécnica. O grupo também realiza palestras e cursos sobre produtividade agrícola e principais doenças de bovinos da região do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro.