Pulverizador desenvolvido por empresa catarinense utiliza princípios da física eletrostática para aumentar eficiência do equipamento
A física eletrostática, ramo da Ciência que se dedica ao estudo das cargas elétricas, não tem relação direta com a agricultura, mas a aplicação de seus princípios pode contribuir para plantações mais produtivas e sadias. Essa é a proposta do modelo de pulverizador elétrico de defensivos agrícolas Eletrobell’s, desenvolvido pela empresa catarinense Bell’s em parceria com a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
Nos pulverizadores convencionais, a calda, ou seja, a mistura de água e herbicidas, atinge as plantas graças à pressão feita por uma bomba, um dispositivo que funciona como um êmbolo de seringa, “empurrando” o líquido para fora do recipiente. Já no novo projeto, as gotas de calda recebem uma ajuda a mais para acertarem seus alvos: a geração de um campo elétrico, um campo de forças produzido pela atuação de cargas elétricas sobre uma área, no interior da máquina, que faz com que as gotas da calda fiquem eletricamente carregadas e sejam atraídas pelos vegetais.
Esse campo de forças é gerado por uma bateria de 12 volts, ligada a um eletrodo instalado no cabeçote do pulverizador. Graças a essa inovação, o cabeçote produz um campo elétrico fortemente carregado, fazendo com que as gotas de calda que passam por ele adquiram cargas positivas e sejam atraídas pelas plantas. A aproximação da carga positiva das gotas provoca uma reorganização das cargas da superfície das folhas, fazendo com que a parte mais próxima da calda fique negativa, e a mais distante, positiva. Como cargas opostas se atraem, o herbicida é “puxado” pelas plantas com mais facilidade, tornando sua aplicação mais proveitosa.
“O Eletrobell’s é único. No Brasil, até então nenhuma empresa produz um idêntico a esse”, afirma o engenheiro agrônomo e supervisor de vendas Adálcio Alberton. Ele conta que o modelo começou a ser concebido em 2007, quando os diretores da Bell’s tiveram contato com o projeto desenvolvido por um pesquisador da Embrapa Meio Ambiente de Jaguariúna (SP).
Apostando no apelo da proposta, as ideias passaram à fase de execução em 2009, realizada por uma equipe de profissionais da Bell’s. De acordo com Adálcio, os dois anos de trabalho incluíram grande volume de testes tanto em laboratório quanto em campo, para determinar como seria e como funcionariam os componentes do pulverizador.
Os resultados dos testes foram promissores: o Eletrobell’s apresentou bom desempenho quanto à efetividade da aplicação e à densidade das gotas. Testes indicam que, em um futuro próximo, o produto estará no mercado, revolucionando o cenário da agricultura nacional.