Jogados na pia, nunca mais! Resíduos de produtos de uso medicinal agridem a natureza e requerem descarte específico
Acontece com frequência. Ao término de um tratamento de saúde, restos dos medicamentos são jogados no lixo convencional ou dispensados na rede pública de esgoto. O mau exemplo acontece até mesmo nos filmes, seriados e novelas. Quando resolvem dar fim a um tratamento de saúde, mocinhos e vilões se livram dos medicamentos ali mesmo, na pia do banheiro, enquanto se encaram no espelho. A cena até enriquece o clima dramático e torna as tramas mais envolventes, mas fora das telonas, esse tipo de atitude gera um enorme problema social: a contaminação de rios e mananciais, do solo e até do ar. Uma controvérsia e tanto para uma sociedade cada dia mais focada na questão da sustentabilidade.
Sendo assim, o que fazer com as sobras de remédios que não mais serão úteis ou tiveram sua validade vencida?
A farmacêutica Priscila Oliveira Fagundes, da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) explica que “o hábito de descartar medicamentos aleatoriamente deve ser banido, pois sua composição apresenta substâncias nocivas a todo o meio ambiente”. Segundo a especialista, outro grande problema acarretado pelo rejeito indevido de resíduos desta natureza é que eles podem também ir parar nas mãos de crianças ou de indivíduos desavisados que, sem a devida orientação, acabam por fazer o reaproveitamento dos fármacos. “Os medicamentos podem se apresentar contaminados por substâncias tóxicas ou já estar com a validade vencida, podendo ocorrer nesses casos intoxicação ou danos permanentes ao indivíduo que os consumir”, ressalta.
Destinação adequada
Diante do crescimento deste problema social, está em andamento o projeto de lei do senado nº 148/2011, para que seja implantado nacionalmente o sistema de logística reversa, ou seja, fornecedores e comerciantes de produtos voltados ao tratamento médico recebam as sobras após o uso, assegurando que estas sejam descartadas de forma segura. Enquanto o projeto está em análise, algumas empresas abraçaram a causa ambiental e já criaram alternativas eficientes para dar aos medicamentos descartados o tratamento adequado depois de rejeitados.
Priscila exemplifica: em “Belo Horizonte, farmácias da rede Droga Raia instauraram um projeto que possibilita o descarte correto dos medicamentos e já os recebem”. O produto é depositado em máquinas chamadas Ecomed, nome do laboratório criador do equipamento. Periodicamente, agentes de coleta visitam os pontos de descarte, recolhem os resíduos e os levam para laboratórios onde há instalações próprias para a lida com estes materiais. “Para não haver riscos de contaminação do ambiente, esses medicamentos devem ser incinerados. Isso elimina todas as substâncias tóxicas à natureza”, explica a farmacêutica.
Contribua para promoção de um ambiente mais saudável em sua cidade: quando for dispensar algum medicamento já em desuso, procure antes se informar junto a laboratórios e drogarias sobre a existência de pontos de recolhimento dos produtos.