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Ciência e humor: inimigos ou amantes?

Na última sexta-feira, 23 de março, o humor brasileiro perdeu um de seus grandes mestres. Aos 80 anos, morre Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, o grande Chico Anysio, autor de mais de uma centena de antológicas personagens. Para citar uma de suas mais conhecidas criações, lembremo-nos, neste blog de discussões científicas, do professor Raimundo, “bravo” profissional que, a cada nova aula, revelava enorme paciência diante de inusitados alunos, quase todos desprovidos de inteligência formal e, por vezes, de bom senso.

Ao longo de mais de uma década, para os milhões de telespectadores da atração, as divertidas aulas “ministradas” pelo carismático docente serviam não apenas de estímulo às risadas, mas – curiosamente – ao aprendizado. Sim! Dia a dia, a Escolinha costumava misturar, às muitas piadas e tiradinhas espertas, uma série de “verdades” acerca da física, da história, da matemática, da economia etc. Com maestria, Chico Anysio conseguia, no programa televisivo, unir ciência e humor de modo, ao mesmo tempo, divertido e popular.

Também em outros cantos do mundo, a relação entre comédia e produção científica parece atrair a atenção de muitos. Aos apaixonados pela produção do conhecimento – ou àqueles que sempre buscam bons motivos para rir do homem e suas criações –, fica a dica dos impagáveis textos do jornalista Anahad O’Connor, que, no The New York Times, persegue a veracidade científica por trás de uma série de crenças populares.

Em 2011, alguns dos artigos de O’Connor, publicados em sua coluna Really?, foram reunidos, pela editora Best Seller – ligada ao Grupo Editorial Record –, no livro Por que a canja de galinha cura resfriado? (E outras explicações científicas para a sabedoria popular). Na obra, com a mesma predisposição ao riso dos alunos da Escolinha do professor Raimundo, o autor busca elucidar irreverentes questões da humanidade: “Cortar o cabelo faz com que fique mais forte?”; “Estar sentado muito perto da televisão prejudica os olhos?”; “As escovas de dentes espalham doenças?”; Comer cenouras melhora a visão?”.

Diante das inteligentes respostas de O’Connor – fruto direto da boa convivência entre pesquisa acadêmica e concisão jornalística –, o leitor não apenas se diverte, como também absorve e discute conhecimento científico. Possivelmente, tanto o mestre Chico Anysio quanto o sábio professor Raimundo aprovariam a inusitada empreitada do colega norte-americano. Afinal, assim como o jornalista do NYT, o mestre brasileiro do humor conhecia como ninguém a mais indiscreta das relações íntimas: inimigos de fachada, “alegria” e “método” escondem, há séculos e séculos, o mais caliente dos casos de amor.

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